segunda-feira, 26 de junho de 2023

Tempestade nos Andes deixa dois mortos e milhares isolados

 Chuvas torrenciais vêm caindo há dias no centro do Chile, situação provocada pelas altas temperaturas nos picos da cordilheira

Tempestade nos Andes deixa dois mortos e milhares isolados 

Milhares de chilenos estão isolados ou afetados pelas chuvas torrenciais que caem desde a quinta-feira passada no centro do país, uma situação anormal provocada pelas altas temperaturas nos picos dos Andes, pouco habituais no início do inverno, e que já deixou dois mortos e seis desaparecidos, informaram as autoridades neste domingo.

A situação também é uma consequência dos efeitos do fenômeno El Niño, que, segundo os especialistas, está voltando com uma força sem precedentes. "É um evento que se espera com mais frequência como resultado da mudança climática, pois a isoterma de zero está subindo, alguns falam de 100, 200 metros, e, portanto, está chovendo em áreas onde costumava nevar", analisou Pablo Sarricolea, cientista da Universidade do Chile, à Agência EFE.

De acordo com o professor, é perfeitamente plausível que isso esteja relacionado com o início do El Niño, porque "a temperatura no Pacífico equatorial já está mostrando uma tendência para este fenômeno, com uma grande probabilidade de afetar este inverno".

"Mas não há um único suspeito, o El Niño pode ser um, a variabilidade climática como um todo pode ser o número dois e as mudanças climáticas teriam de ser revistas, mas eu colocaria como número três", acrescentou.

Neste contexto, cientistas australianos e neozelandeses alertaram para o fato de estarmos perante uma situação incomum. Além disso, a temperatura dos oceanos tropicais do Pacífico estar 0,8°C acima da média em comparação com eventos anteriores significa que, juntamente com outras razões, estamos perante um "super niño".

De acordo com o balanço feito neste domingo pela ministra do Interior chilena, Carolina Tohá, duas pessoas morreram devido aos efeitos do sistema e outras seis estão desaparecidas, enquanto se estima que haja mais de 8.000 pessoas isoladas em diferentes áreas do país, 1.578 foram transferidas para abrigos e 3.383 sofreram algum tipo de dano. Até o momento, 54 casas foram completamente destruídas, 751 sofreram danos maiores e 1.951 menores.

"Tivemos uma noite melhor", embora a situação continue sendo crítica, sobretudo na região central de El Maule, "onde a situação é mais complexa", segundo a ministra.

Tohá se referiu à tragédia na cidade de Licantén, um quadro de desolação, com os habitantes presos nos telhados e completamente inundada, assim como à situação nas estradas, com três pontes danificadas na rota 5 Pan-Americana.

Aldeias mapuches isoladas

As chuvas caíram com intensidade na capital chilena na quinta e sexta-feira passadas, transbordando rios, criando grandes correntezas e obrigando a evacuação de milhares de pessoas, principalmente perto das montanhas, em parte devido à virulência e à quantidade de água que caiu em poucas horas, mas também devido ao abandono e à falta de infraestrutura.

Um exemplo é o rio Mapocho, que há anos atravessa a capital de oeste para leste como um mero fio de água, e que na quinta-feira descia com força, transbordando as suas margens, uma imagem que não se via há 20 anos.

Hoje, no entanto, o caudal voltou a ser mínimo, com milhares de litros de água escoando para o mar, inundando bairros inteiros e provocando bloqueios nas estradas e no trânsito. As autoridades anunciaram na sexta-feira um corte no abastecimento de água potável, que acabou não se concretizando, mas levou os habitantes da capital para os supermercados para se abastecerem de água.

R7 e Correio do Povo

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