Para o trigo, projeção inicial da Emater/RS-Ascar é de produção de 4,548 milhões de toneladas, 14% menor que a de 2022
Após uma colheita de inverno recorde alcançada em 2022, a produção gaúcha de trigo, canola, cevada e aveia branca neste ano deverá encolher. A estimativa da Emater/RS-Ascar é que o Rio Grande do Sul colha, na safra 2023, um total de 5,625 milhões de toneladas desses grãos, volume 12,81% inferior ao da temporada passada. A área total plantada com as quatro culturas deverá atingir 1,973 milhão de hectares, um recuo de 0,7% na mesma base de comparação. A projeção inicial foi apresentada ontem pelo diretor técnico Claudinei Baldissera, em live pelo canal da empresa de assistência técnica no Youtube.
Desses números, a maior fatia é representada pelo trigo. Neste ano, as lavouras do cereal deverão somar 1,505 milhão de hectares, o que reflete uma redução de 1,5% frente à área de cultivo de 2022. A estimativa de colheita é de 4,548 milhões de toneladas, resultado 14% inferior em comparação com a safra anterior, e a produtividade esperada é de 3.021 quilos por hectare, uma queda de 12,6%.
“Um fator importante é que, da safra de 2021 para a de 2022, houve um aumento significativo (da área de trigo), de cerca de 22%. Esse aumento se deu pelas condições climáticas, pelas condições favoráveis que o mercado oferecia, embora o custo (de produção) fosse mais alto”, destacou Baldissera. O diretor técnico observou que as estimativas iniciais são feitas com base na tendência apontada pelas produtividades médias obtidas pelos municípios pesquisados ao longo dos últimos 10 anos – no caso do trigo, 382 cidades participam do levantamento.
Com relação às outras culturas de inverno, a área semeada com canola deve ter aumento de 18,4% frente à safra 2022, somando 67,2 mil hectares, e a colheita é estimada em 109,6 mil toneladas, o que equivale a 1% de crescimento. Para a aveia branca, a Emater/RS-Ascar prevê uma expansão de 1,4% na área de cultivo, que ocupará 365 mil hectares, e uma produção 6,4% menor, de 854.401 toneladas. Já para a cevada, a expectativa é de reduções tanto na lavoura (14,5%) quanto no volume produzido (20,9%), estimados em 35.899 hectares e 112.877 toneladas, respectivamente.
Na apresentação das projeções, também foram destacados os possíveis impactos do El Niño nas lavouras. O retorno do fenômeno, indicado pelos modelos climáticos, significará chuvas abundantes nos próximos meses, podendo prejudicar o desenvolvimento e a colheita dos produtos de inverno e também atrasar o plantio da safra de verão, segundo o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Flávio Varone. “As projeções climáticas apontam para um el Niño muito forte, alguns apontam até um ‘super’ El Niño. Então, segundo semestre deve ser bastante chuvoso”, disse Varone.
Na mesma linha, o diretor técnico da Emater/RS-Ascar recomendou que os produtores fiquem atentos aos prazos estabelecidos pelo calendário de zoneamento agrícola do trigo e à ocorrência de doenças fúngicas. “É uma safra que requer atenção do agricultor do início ao fim, para que todos os tratos culturais sejam adequados e no tempo certo”, reforçou.
Correio do Povo
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