Refinaria de Petróleo Riograndense iniciará testes industriais em novembro deste ano; Petrobras prevê investimento de R$ 45 milhões
Foi assinado, nesta segunda-feira, um acordo de cooperação com a Refinaria de Petróleo Rio Grandense para a realização de testes industriais para a geração de produtos petroquímicos e combustíveis de origem renovável. De acordo com a Refinaria, o primeiro teste deve ocorrer em novembro deste ano, durante cinco dias, e o segundo em junho de 2024.
A assinatura do acordo de cooperação ocorreu durante a visita do presidente da Petrobras, Jean Paula Prates, a Rio Grande. O encontro também contou com a presença de executivos da Refinaria e empresas que têm participação acionária na refinaria (Petrobras, Braskem e Ultra) e autoridades – dentre elas o governador Eduardo Leite.
Uma vez comprovado o êxito nos testes, já estão negociados contratos de licenciamento da tecnologia da Petrobras. O valor do investimento da Petrobras é de aproximadamente R$ 45 milhões.
Para o governador Eduardo Leite, os impactos do investimento anunciado serão percebidos ao longo do tempo. O termo de compromisso prevê até novembro um investimento total de R$ 63 milhões. Após o período de testes, nos próximos anos, com as devidas ampliações e ajustes operacionais de projetos, se prevê, ainda em estudo, maiores investimentos.
O diretor superintendente da Refinaria de Petróleo Riograndense, Felipe Jorge, afirmou que para os testes são necessárias pequenas adequações no espaço – o que faz com que tudo ocorra de forma mais rápida, destacou. Ele garantiu que ideia é no momento não deixar o refino de petróleo de lado. “Temos o comprometimento com os nossos clientes e a nossa região. A refinaria continuará abastecendo o seu mercado. O que falamos hoje é de olhar para a frente, construção do futuro dos próximos 85 anos”, projetou.
Os impactos dos investimentos foram destacados pelo governador gaúcho. “A refinaria do porte que está hoje, os investimentos necessários para mantê-la em operação no futuro seriam muito altos para uma receita menor. Ela garante a permanência da operação da refinaria. Será feito a recondução para a produção do biodiesel, usando a matéria prima de óleo vegetal, que é importante também do ponto de vista ambiental e dá um selo de sustentabilidade ao Estado."
O teste será realizado a partir de uma tecnologia desenvolvida pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, a unidade de FCC (craqueamento catalítico fluido). D refinaria será preparada, no primeiro teste, com inovações de processo e sistema catalítico, gerando insumos renováveis. “A Petrobras, junto com a Braskem e o grupo Ultra, irá transformar a Refinaria Riograndense na primeira biorrefinaria do Brasil”, garante.
Sobre novos investimentos, Prates disse que a Petrobras tem analisado alguns blocos marítimos para energia eólica off-shore. “Há também a possibilidade de revisarmos investimentos de exploração na bacia de Pelotas, dependendo das tratativas e ofertas da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Estamos analisando toda a possibilidade”, disse. Ele garantiu que isto irá ocorrer durante o funcionamento da empresa. “Vamos ter que fazer integração e transição, nos retransformando, reconfigurando em uma empresa de energia renovável, mas ainda por algum tempo tendo de faturar, vender, processar e agregar valor e principalmente de forma descarbonizada em petróleo e gás”, concluiu.
Retomada do Polo Naval
Antes de assinatura do convênio, Prates visitou as instalações do polo naval e o Porto do Rio Grande, onde recebeu uma nota técnica com pontos que poderiam auxiliar na retomada da indústria naval no Rio Grande do Sul. Durante pronunciamento, o presidente da Petrobras falou que para a empresa ser protagonista no processo, é necessária uma conjunção de fatores. “Dependemos de política de governo, de Estado. O presidente Lula já tem falado muito nisso”, destacou.
Na quinta-feira haverá um seminário, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, que falará sobre os agentes econômicos desta área, para onde eles foram, em que estado estão, como está a capacitação, como estão as infraestruturas do Brasil. “Em Rio Grande e aqui percebemos que está tudo pronto. A gente pode reativar isso com uma certa rapidez. Não houve desmobilização total, física das instalações, então temos condições de retomar. Vamos fazer a análise do nosso lado na demanda, o que é possível fazer com a indústria naval retomando estas atividades. E, gradualmente, com parcimônia, responsabilidade financeira, econômica e política, vamos retomar este processo e reconstruir a indústria naval em Rio Grande e no Brasil”, disse.
Leite disse que o governo estadual não será impeditivo para que a retomada aconteça de forma efetiva. “O movimento que a Petrobras está fazendo promete dar condição para uma retomada forte, com fôlego do Polo Naval. O governo do Estado estará ao lado para manter e proporcionar tudo o que for possível, desde atuação no Porto de Rio Grande quanto em todas as questões de licenciamento e outros investimentos que será necessário que o governo do Estado faça intermediação”, garantiu.
Correio do Povo
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