segunda-feira, 29 de maio de 2023

Há 20 anos no poder, Erdogan é reeleito em 2º turno na Turquia

 Líder turco, que governará o país por mais cinco, declarou vitória contra o opositor Kemal Kilicdaroglu

O presidente Recep Tayyip Erdogan, de 69 anos, foi reeleito para governar a Turquia por mais cinco anos neste domingo (28). Há 20 anos no poder, ele teve 52% dos votos contra 47,9% de seu adversário Kemal Kilicdaroglu, segundo os resultados não oficiais publicados pela agência estatal Anadolu. 

O líder reeleito declarou a vitória, dizendo que os turcos lhe deram a responsabilidade de governar pelos próximos cinco anos e que a Turquia é a única vencedora do segundo turno das eleições presidenciais.

Dirigindo-se a apoiadores em cima de um ônibus em Istambul, o integrante do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islâmico-conservador) agradeceu as pessoas por votarem e disse que completou o segundo turno de domingo contra o adversário Kemal Kilicdaroglu com o apoio deles.

"Nossa nação nos confiou a responsabilidade de governar o país pelos próximos cinco anos", disse Erdogan a apoiadores do alto de um ônibus em seu distrito natal, Istambul. "Cumpriremos todas as nossas promessas", disse o chefe de Estado, garantindo que "cada eleição é um renascimento". "Essas eleições mostraram que ninguém pode atacar as conquistas desta nação", acrescentou.

O adversário turco Kemal Kiliçdaroglu, derrotado no segundo turno das eleições, expressou sua tristeza pelo futuro do país. "Estou profundamente triste com as dificuldades que aguardam o país", declarou o candidato derrotado e chefe do principal partido da oposição, falando na sede de seu partido em Ancara após a vitória de Erdogan para um terceiro mandato.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi o primeiro a parabenizar Erdogan por sua reeleição. "Prova clara" do apoio da população turca, disse o líder russo.

Erdogan está no poder desde 2003, entre mandatos de primeiro-ministro e presidente, vitorioso nas urnas três vezes como premiê e outras duas como presidente, após promover mudanças nas regras eleitorais e na Constituição.

Pela primeira vez na história da Turquia, houve segundo turno. "Cada eleição é um renascimento", disse o líder islâmico-conservador. Houve manifestações espontâneas para comemorar a vitória do presidente em outras cidades, especialmente na região da Anatólia, centro do país.

Mas não houve nenhuma reação imediata ao discurso da vitória de Erdogan por parte de seu adversário, Kemal Kilicdaroglu.

A eleição foi vista como uma das mais importantes da história da Turquia, com a oposição acreditando que tinha uma grande chance de derrubar Erdogan depois que sua popularidade foi ameaçada pela crise do custo de vida.

Em vez disso, a vitória reforçará sua aura de invencibilidade, depois de já ter redesenhado a política doméstica, econômica, de segurança e externa do país membro da Otan e lar de 85 milhões de pessoas, além de ter posicionado a Turquia como potência regional.

Apoiadores se reuniram em frente à residência presidencial em Istambul em antecipação à vitória oficial nas urnas, já que os dados coletados pela agência estatal Anadolu e pela agência de notícias ANKA, ligada à oposição, já davam a ele vantagem no pleito com quase 99% das urnas contadas.

O chefe do Alto Conselho Eleitoral disse anteriormente em coletiva de imprensa que Erdogan tinha 54,47% dos votos, com 54,6% das urnas registradas.

Líder do Partido AK, de raízes islamistas, Erdogan apelou aos eleitores com uma retórica nacionalista e conservadora durante uma campanha divisiva que desviou a atenção dos profundos problemas econômicos.

A derrota de Kilicdaroglu, que prometeu colocar o país em um caminho mais democrático e colaborativo, provavelmente será aplaudida em Moscou, mas lamentada nas capitais ocidentais e em grande parte do Oriente Médio depois que a Turquia assumiu uma postura mais confrontadora e independente em suas relações exteriores.

Apoiadores de Erdogan reunidos do lado de fora de sua residência em Istambul entoaram Allahu Akbar, ou Deus é o Maior. "Espero que tudo melhore", disse Nisa, de 28 anos, uma mulher com lenço na cabeça e uma faixa com o nome de Erdogan.

Outro apoiador de Erdogan disse que a Turquia ficará mais forte com ele no cargo por mais cinco anos. "Existem problemas em todos os países do mundo, também nos países europeus... Com uma liderança forte, também superaremos os problemas da Turquia", disse Mert, de 39 anos, que veio comemorar com seu filho.

Bugra Oztug, de 24 anos, que votou em Kilicdaroglu, disse que não ficou surpresa com o resultado, culpando a oposição por erros no processo. "Sinto-me triste e desapontada, mas não estou desesperada. Ainda acho que há pessoas que podem ver a realidade e a verdade", disse Oztug.

O desempenho de Erdogan surpreendeu oponentes que também pensaram que os eleitores o puniriam pela resposta inicialmente lenta do Estado turco aos terremotos devastadores do último mês de fevereiro, que mataram 50.000 pessoas.

Mas no primeiro turno do pleito no último dia 14 de maio, que incluiu eleições parlamentares, seu partido AK foi o mais votado em 10 das 11 províncias atingidas pelos terremotos, ajudando-o a garantir uma maioria parlamentar junto a seus aliados.


R7 e Correio do Povo

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