segunda-feira, 10 de abril de 2023

LULA E O VERGONHOSO DESMANCHE DA SOBERANIA BRASILEIRA NA AMAZÔNIA

 


General de Brigada Veterano Luiz Eduardo Rocha Paiva[1]

Brasília, 2 de março de 2023

O Presidente Lula [em nossa] última audiência [-] disse que estava sendo pressionado pela USP, OEA e pelas ONGs europeias[2] - Senador Mozarildo Cavalcanti em 23/09/2005.

Antes, em 1991, Collor demarcara a Terra Indígena (TI) Ianomâmi na Faixa de Fronteira com a Venezuela, sob uma forte pressão estrangeira, inclusive dos EUA. Daí em diante, em três décadas de uma estratégia de ações sucessivas, reunindo potências estrangeiras apoiadas por organismos internacionais (ONU, OEA e outros) e ONGs, toda a Calha Norte do Rio Amazonas, inclusive a Faixa de Fronteira, ficou coberta de TI e Unidades de Conservação que englobam territórios de países vizinhos, agravando a ameaça à soberania.

O erro estratégico de 1991 resultou, em 2015, na proposta do Corredor Ecológico Triplo A, a ser estabelecido por tratado internacional. Se o Brasil aceitá-lo, a soberania na Calha Norte, toda incluída no Corredor, estará fulminada com perda total de autonomia para explorar o patrimônio nacional na região.

Na campanha eleitoral de 2022, Lula declarou que as decisões tomadas em foros internacionais voltados à governança global, particularmente o Conselho de Segurança da ONU, deveriam ser adotadas sem passar pelos legislativos das nações. O atual presidente, ao arrepio da Constituição Federal, quer submeter nossa soberania a instâncias internacionais, cujos membros não são eleitos por nós, não conhecem o Brasil e têm interesses diferentes ou conflitantes com os nacionais. O País tem um presidente sem noção de Pátria, que negocia soberania em troca do aplauso da comunidade global, sem perceber seu papel de fantoche para satisfazer interesses de potências estrangeiras e de atores do globalismo apátrida. Soberania não é mercadoria de balcão de negócios ou de promoção pessoal e sim uma questão de dignidade nacional. Está em curso a retomada da balcanização do País, pois serão demarcadas novas 13 TI ainda em janeiro[3].

Lula, mal assumiu o governo, foi prestar vassalagem ambiental ao patrão globalista em viagem aos EUA. Joe Biden não esperou e mandou John Kerry se reunir com a Ministra Marina Silva, para apresentar “a conta” a ser paga pelos recursos a serem depositados no “pires na mão” que lhe foi estendido. Kerry disse em 28/02/2023, no Brasil, que: “A Amazônia é um tesouro extraordinário que pertence a todos”[4]. Está claro ou precisa desenhar? Nada a estranhar, pois, em 30/09/2020 Biden, então candidato a Presidente dos EUA, assim ameaçou: “o Brasil enfrentará ‘consequências econômicas significativas’, caso o país não pare a destruição da floresta e se ele for eleito”.[5] Não faltarão aliados. Emmanuel Macron, Presidente da França, disse em 26/08/2019 que: “o status internacional da Amazônia é tema que ‘permanece aberto”[6]. Outras potências europeias também concederão créditos que vão se transformar em déficits de soberania para o Brasil.

Onde estão as forças vivas da Nação, as instituições e as lideranças nacionalistas? Porque o silêncio e a omissão? Onde está a revolta dos patriotas?

Em situações complexas, delicadas e de alta relevância, homens de bem se impõem decisões de caráter moral. Nesses casos, uma autoridade pública corre o risco de ser questionada por uns e, ainda que defendida por outros, sofrer consequências pessoais e profissionais. Determinadas decisões, discutíveis em situações de normalidade, são necessárias para evitar um mal maior quando o silêncio, a inércia, a inconsequente servidão à burocracia e a covardia moral resultarem em perdas, injustiças e danos morais e materiais em níveis inaceitáveis aos cidadãos, às instituições e à dignidade da Nação.

O General Augusto Heleno, quando Comandante Militar da Amazônia declarou, em 16/04/2008, que a política indigenista brasileira estava dissociada do processo histórico de colonização do Brasil e precisava ser revista com urgência porque “não deu certo até hoje, [e] é lamentável, para não dizer caótica”[7]. O General Villas Bôas, quando Comandante Militar da Amazônia, disse em 23/10/2013: “Para que servem tantas ONGs na Amazônia? Nosso governo ama as ONGs internacionais, dá-lhes dinheiro e poder e elas se tornam cada vez mais ‘donas’ da mais rica região do país. [-] as ONGs [são] um dos grandes males da região amazônica ‘muitas vezes atuam no sentido contrário aos interesses brasileiros"[8].

Ao contrário de líderes civis, chefes militares não podem se manifestar publicamente sobre decisões de governo, mas com certeza o fazem reservadamente e com firmeza, pela cadeia de comando, pois são conscientes do compromisso de lealdade total e exclusiva à Nação. Não sendo ouvidos, se decidirem manifestar publicamente uma posição, por imperativo de consciência, estão cientes dos riscos de punição ou perda de cargo, tendo a opção de pedir exoneração ao se pronunciar ou aguardar a decisão superior após fazê-lo. O artigo A Segunda Chance[9] diz: “Franqueza e coragem moral caminham juntas. [quando] uma decisão política final seja tomada, [o oficial] tem a obrigação de apoiar essa decisão como se ela fosse sua, [-] com uma grande exceção: questões que envolvam os profundos princípios - dever, honra e pátria - não nos podem submeter a outros compromissos”.

O cenário na Amazônia Brasileira tem elevados níveis de complexidade e ameaças, cujas consequências não serão omitidas por lideranças civis e militares comprometidas com a Nação, ao assessorarem o governo nas questões que envolvem a soberania na Amazônia.

 “Se não te apercebes para integrar a Amazônia na tua civilização, ela, mais cedo ou mais tarde, se distanciará, naturalmente, como se desprega um mundo de uma nebulosa – pela expansão centrífuga de seu próprio movimento” - Euclides da Cunha.


[1] Ex Comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e do 5º Batalhão de Infantaria Leve Aeromóvel, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e Diretor de Geopolítica e Conflitos do Instituto Sagres.

[2] Diário do Senado, 23-09-2005, pag. 31758. Discurso deplorando a demarcação da TI Raposa Serra do Sol em área contínua e não em “ilhas”.

[3] https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/governo-lula-vai-demarcar-13-terras-indigenas-neste-mes-saiba-quais

[4] Rodolfo Costa, Gazeta do Povo,.

[5] https://www.defesanet.com.br/ffff/noticia/38300/Biden-ameaca-Brasil-com-sancoes-por-Amazonia-e-propoe-US%24-20-bi-para-floresta/

[6] Veja de 26/10/2019: https://veja.abril.com.br/mundo/status-internacional-da-amazonia-e-tema-que-permanece-aberto-diz-macron/

[7] globo.com – EXTRA: https://extra.globo.com/noticias/brasil/general-diz-que-politica-indigenista-do-governo-um-caos-alerta-para-risco-soberania-496435.html

[8] Sergio Pires (newsrondonia.com.br): http://www.defesanet.com.br/toa/noticia/12776/Para-que-servem-tantas-ONGs-na-Amazonia--quer-saber-o-general-/  

[9] Tenente David A. Adams da Marinha dos EUA - um ensaio sobre liderança. Publicado na Military Review.

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