Medida foi adotada em 2020 por causa da pandemia de Covid-19
A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta terça-feira (27) manter em vigor uma medida tomada por causa da pandemia e usada desde então para barrar a entrada de centenas de milhares de imigrantes no país.
O levantamento dessa política, chamada Título 42, foi impugnado por 19 estados, que temem uma chegada em massa de imigrantes pela fronteira com o México.
Em março de 2020, o governo do republicano Donald Trump (2017-2021) ativou este instrumento sanitário para poder expulsar sem demora os migrantes sem permissão de residência detidos nas fronteiras terrestres. Essa medida de expulsão imediata não admite recurso legal e não prevê o retorno automático ao país de origem.
Estão previstas raras exceções para determinadas nacionalidades, como os ucranianos desde a invasão de seu país pela Rússia, ou para menores desacompanhados.
Em resposta à decisão da Suprema Corte, a Casa Branca pediu hoje uma "reforma integral" da política migratória dos Estados Unidos. "A fim de reparar nosso sistema migratório deficiente, o Congresso deve aprovar uma reforma integral da imigração", disse a porta-voz do presidente Joe Biden, Karine Jean-Pierre.
Ativistas e especialistas em direitos humanos consideram a medida uma violação do direito internacional. Eles consideram em particular "desumano" impedir que um solicitante de asilo em potencial formule seu trâmite neste sentido.
Em sua opinião, o sistema atual só incentiva os migrantes a cruzarem a fronteira ilegalmente e a correrem riscos cada vez maiores para chegar a seu destino, atravessando desertos, áreas hostis ou rios em que correm o risco de se afogarem.
O Título 42 foi objeto de diversas batalhas judiciais. Um tribunal de primeira instância e um de apelação se pronunciaram em favor da sua derrogação.
Diante de um possível levantamento, municípios localizados na fronteira sul dos Estados Unidos começaram a instalar cercas e grades de metal. Um grande número de imigrantes aguardava perto da fronteira nas últimas semanas, com a esperança de poder pedir asilo nos Estados Unidos.
A medida permanecerá em vigor até que a Suprema Corte decida sobre a questão. Ela ouvirá em fevereiro os argumentos das duas partes e anunciará sua resolução no verão local.
O governo Biden terá mais alguns meses de preparação para uma potencial chegada em massa de imigrantes, uma vez que o presidente democrata enfrenta dificuldades para criar uma estratégia duradoura de gerenciamento das chegadas à sua fronteira sul.
A decisão da Suprema Corte foi aplaudida pelos conservadores. "Permitirá evitar que as populações que vivem na fronteira mergulhem no caos total", declarou o deputado do Texas Tony Gonzales.
Durante a campanha eleitoral, Biden prometeu uma reforma abrangente do sistema migratório, mas todas as suas propostas legais pararam no Congresso.
AFP e Correio do Povo
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