Analistas entendem que Exército optou por preservar a institucionalidade e não provocar mais caos
As Forças Armadas do Peru, antes envolvidas em golpes de Estado ou base de apoio de regimes autoritários, "aprenderam a lição" e foram fundamentais para frustrar a tentativa de golpe de Pedro Castillo, ao negar-lhe apoio, apontaram analistas.
Os militares "optaram por preservar a pouca institucionalidade e não provocar mais caos", comentou o cientista político Alonso Cárdenas, lembrando que se recusaram em 2020 a reprimir os manifestantes contra o governo de Manuel Merino.
Essa postura, destacou Cárdenas, da London School of Economists, contrasta com os momentos em que os militares peruanos se envolveram em golpes de Estado e violações de direitos humanos.
"Os militares devem lealdade à Constituição, não aos governos. Foi a Constituição que eles juraram defender. Pela análise da situação, já sabiam o que tinham que fazer", concordou Carlos Fernández Fontenoy, doutor em Ciência Política.
Para Fernández Fontenoy, as Forças Armadas tiveram uma atuação constitucionalista após o desprestígio em que caíram no governo de Alberto Fujimori (1990-2000), quando eram o apoio de um regime autoritário.
Na última quarta-feira, depois que Castillo anunciou a dissolução do Parlamento e este respondeu votando pela sua destituição, que se concretizou, muitos olhares se voltaram para os militares como árbitros em meio ao choque de poderes. "Qualquer ato contrário à ordem constitucional estabelecida constitui uma violação da Constituição", afirmaram as instituições militares.
Ouça "A crise no Peru e os próximos cenários após o fracassado golpe de Estado" no Spreaker.AFP e Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário