quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Assassinato do ex-vereador de Porto Alegre José Wilson da Silva foi encomendado pela esposa, diz polícia

 De acordo com a Polícia Civil, ele foi morto dentro de casa por criminosos contratados pela esposa dele, que queria ficar com uma indenização que o ex-político viria a receber. Quatro pessoas foram indiciadas por envolvimento no esquema.


A Polícia Civil indiciou quatro pessoas pelo assassinato do capitão reformado do Exército e ex-vereador de Porto Alegre José Wilson da Silva, de 89 anos. Ele foi morto a tiros dentro de casa, em dezembro de 2021, na Capital. A investigação concluiu que o crime foi encomendado pela esposa dele, pois ela queria ficar com uma indenização que ele estava por receber (saiba mais abaixo).


As identidades dos indiciados não foram divulgadas pela polícia. A instituição detalhou, no entanto, que duas delas já estão presas. Outras duas tiveram suas prisões decretadas pela Justiça e são consideradas foragidas pela polícia.


A Justiça negou o pedido de prisão contra a mandante do crime devido à idade dela, pois é uma idosa com mais de 80 anos. Apesar disso, todos os envolvidos devem responder por homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima) e associação criminosa.


De acordo com a Polícia Civil, na madrugada de 10 de dezembro, três dos indiciados invadiram a casa da vítima. No entanto, durante o crime, Silva acordou e, ao perguntar se havia alguém no imóvel, foi baleado no peito. Os criminosos fugiram em seguida com o dinheiro que estava em um cofre. A esposa dele estava na casa no momento do crime.


Crime foi encomendado pela esposa da vítima

Delegada Isadora Galian detalhou investigação durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (15) — Foto: RBS TV/Reprodução


Ao longo da investigação, a Polícia Civil descobriu que a esposa da vítima foi a responsável por encomendar o assassinato. O pagamento dos bandidos seria metade do dinheiro que estava no cofre, cerca de R$ 100 mil.


A companheira de um dos criminosos era manicure dela, que agiu como intermediadora do esquema.


"Ela é uma das pessoas que está presa. Informações sobre a rotina da vítima, onde estava o cofre e onde as chaves eram guardadas, por exemplo, teriam sido repassadas aos assaltantes dessa forma. Inclusive, os assaltantes não arrombaram a casa, eles tinham a chave", conta a delegada Isadora Galia, titular da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (1ª DHPP).

A esposa da vítima prestou depoimento diversas vezes ao longo investigação policial e apresentou três versões diferentes do que teria acontecido na madrugada do crime, o que levantou suspeitas. No entanto, o esquema só foi descoberto quando um dos suspeitos do assalto foi preso. Ele disse que ela tinha sido a responsável por planejar o crime. Provas obtidas pela polícia ao longo da investigação confirmaram a informação.


Memória

O político era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e presidente da Associação dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Rio Grande do Sul. Ele estava prestes a receber uma indenização relacionada com a anistia, e era com esse dinheiro que a esposa dele queria ficar.


Na época da morte, em publicação nas redes sociais, o Comitê Estadual do PCdoB lamentou o que aconteceu com Wilson, conhecido como "Tenente Vermelho". Segundo o partido, o militar foi vereador entre 2 de janeiro e 1º de abril de 1964, quando ocorreu o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart. O político se exilou no Uruguai, convivendo com nomes como Goulart, o ex-governador de RS e RJ Leonel Brizola e o antropólogo Darcy Ribeiro.


"Cobramos das autoridades policiais e judiciárias o mais rápido e cabal esclarecimento das circunstâncias que levaram a esse terrível crime", escreveu o partido em nota (leia a íntegra abaixo).

José Wilson da Silva também escreveu o livro "O Tenente Vermelho", em que narra a campanha da Legalidade, que garantiu a posse de Goulart após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, e o golpe de 1964.


Políticos e ativistas lamentaram a morte de José Wilson da Silva nas redes sociais. A deputada federal Maria do Rosário (PT) classificou o ex-vereador como "grande brasileiro, militar comprometido com seu país e com biografia histórica para o Brasil e para o RS".



"Querido e revolucionário camarada José Wilson da Silva, para sempre presente em nossas memórias e corações", escreveu a ex-vereadora Jussara Cony (PCdoB), nas redes sociais.


G1 e RBS TV

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