segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Torneio de futebol reúne refugiados e imigrantes em Porto Alegre

 Disputa reuniu 180 atletas amadores de países como Angola e Haiti


Um torneio de futebol em Porto Alegre reuniu seleções de dez países. Mais do que a disputa pelo primeiro lugar, a Copa dos Refugiados e Migrantes, realizada ontem no Sesc Campestre, foi uma oportunidade para confraternização. Promovido pela organização Pelo Direito de Migrar (PDMIG) – África do Coração, o torneio reuniu 180 atletas amadores de países como Angola, Senegal, Colômbia, Haiti, Venezuela, Palestina, Líbano, Chile, Guiné e Peru. 

Diretor regional do PDMIG - África do Coração, o angolano Januário Adriano Francisco Gonçalves explica que a ideia é chamar atenção para o fluxo migratório no continente e mostrar a integração do imigrante na sociedade brasileira e gaúcha. Há 32 anos no país, ele afirma que no Estado existem 91 mil imigrantes - a maioria de venezuelanos - de mais de 50 etnias. No local, uma unidade de saúde também oferecia exames para HIV e Sífilis.

Disputado desde 2017, o torneio muitas vezes representa uma oportunidade para os imigrantes encontraram vagas no mercado de trabalho por indicação ou por mieo da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS). “A ideia é devolver dignidade a esses imigrantes/refugiados, que provavelmente foram forçados a sair de suas casas”, observa. Conforme Gonçalves, desde 2017 cerca de 300 imigrantes conseguiram emprego. “Quando conseguem um emprego conseguem de volta a dignidade”, completa.

Ele garante que tinha planos de ficar apenas 15 dias no Brasil, mas já completou 32 anos. Nesse período, formou-se em Gastronomia. Atualmente é empresário e vende marmitas. “Decidi vir para o Rio Grande do Sul para continuar os estudos e porque é uma cidade calma. Fiquei enfeitiçado pelo churrasco. Daqui não saio mais”, garante. Mesmo com muitos familiares e amigos em Angola, ele afirma que muitos já se formaram no Brasil e retornaram para o país de origem, como dois médicos e três administradores. “Consegui formar alguns sobrinhos”, destaca. 

O presidente da Associação dos Haitianos da Lomba do Pinheiro, Jean Eric Joseph destaca o espírito de integração e convívio entre os atletas. “Está todo mundo jogando, querendo ganhar, mas é um momento de diversão. A gente está longe dos nossos países de origem, longe das familias. Com esses encontros a gente acaba esquendo alguns problemas”, avalia. Educador e proprietário de uma agência de turismo, Joseph mora no Brasil desde 2011, quando desembarcou em Manaus, no Amazonas. Em 2020, mudou-se para Porto Alegre.


Correio do Povo

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