sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Esquerda latina se entusiasma

 Jurandir Soares


A vitória de Lula na eleição brasileira parece ter dado uma injeção de ânimo na combalida esquerda latino-americana. Primeiro, se viu um efusivo presidente argentino, Alberto Fernandez, viajando, imediatamente ao resultado, ao Brasil para se abraçar a Lula. Inequívoca demonstração de quem estava vendo no futuro presidente brasileiro a salvação para o seu combalido governo. Um país que teve uma inflação em setembro de 6,2% e que no acumulado do ano já chega a 83%. E qual a receita para combater a alta de preços? Congelamento de preços, conforme anunciou nesta terça-feira o ministro da Economia Sergio Massa. Ou seja, algo que já aplicamos por aqui e sabemos que não dá certo. A continuar com essa política econômica, por mais que o Brasil venha ajudar, não haverá solução para a Argentina.

         Nesta terça, outro festivo encontro da esquerda.  Entre o colombiano Gustavo Petro e o venezuelano Nicolás Maduro. Os dois, vestidos de branco, se encontraram em Caracas para celebrar o restabelecimento das relações entre os dois países. Relações que haviam sido rompidas em 2019, quando o então presidente colombiano Ivan Duque acompanhou uma série de países e reconheceu Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, resolveu recolocar no circuito o desprestigiado Nicolás Maduro. O qual não deixou de fazer duas reivindicações a Petro, que não foram atendidas. Queria que o colombiano o ajudasse a levantar as sanções internacionais que são impostas à sua ditadura. E, bem ao estilo dos ditadores, pedia que Petro devolvesse os dissidentes venezuelanos que se exilaram na Colômbia. Menos mal que Petro, que foi eleito dentro de um processo democrático, não se deixou seduzir pelos pedidos do ditador venezuelano.

         Enquanto isto, a ONG Espaço Público denuncia o fechamento só nesta semana de mais 8 emissoras de rádio na Venezuela. Ao longo do ano já são 44emissoras que tiveram sua autorização de funcionamento cassada pelo governo Maduro. Ironicamente, em seu encontro, Petro e Maduro pediram o retorno da Venezuela ao sistema de Direitos Humanos da OEA. Seria cômico se não fosse trágico. Maduro também destacou a "obrigação de voltar a trabalhar pela integração regional”. Um tema que certamente terá muitos outros adeptos e que será pilotado por Lula.

Correio do Povo

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