Jurandir Soares
O presidente da China Xi Jinping está enfrentando o primeiro grande problema de seu terceiro mandato: uma nova e forte onda de Covid, que vem acompanhada de uma nova e forte onda de protestos. Sabemos que os protestos na China são, normalmente, sufocados pela força. Porém, agora eles estão acontecendo, com os manifestantes enfrentando a polícia. Acontece que a China, que é o país onde começou a Covid, tem optado pelo fechamento total para combater a epidemia. Esta política já causou enormes prejuízos à economia. Na medida em que os casos foram diminuindo, as restrições foram sendo levantadas. Porém, nos últimos dias o país vem registrando recordes de novos casos da doença. Segundo dados oficiais, somente no sábado último foram 40 mil novas infecções. Diante disto, voltaram as restrições, envolvendo confinamentos em larga escala, restrições de viagens, testes em massa e fechamento de comércio. Ou seja, quando a economia estava querendo reagir sofre um novo golpe. Daí o fato dos crescentes protestos, que chegaram inclusive a fechar muitas das importantes vias de Pequim. E o lema é: “não queremos restrições, queremos liberdade”.
O lema tem sido cantado, porém, a inovação em termos de protestos é a utilização de cartazes em branco. Como há censura a qualquer expressão que seja usada, os alunos da Universidade de Pequim criaram este tipo de manifestação, que está sendo seguido por alunos de outras importantes universidades do país, inclusive na de Tsinghua, onde Xi Jinping se formou. O fato é que a população chinesa não suporta mais isolamento. Há uma queixa inclusive a respeito do episódio de um incêndio em um prédio na cidade de Urumki, no Oeste do país, que matou dez pessoas que teriam ficado presas ao prédio devido às barreiras sanitárias. O governo, no entanto, defende a política de Covid zero e fechamento total para evitar a sobrecarga do sistema de saúde. O resultado tem sido um golpe para a economia do país. E um abalo na economia da China pode ser também um abalo para a economia de muitos outros países, inclusive o Brasil. Afinal, estamos diante do país que mais compra. O governo chinês está em um impasse, pois ainda precisa impedir que a disseminação do vírus se espalhe durante os meses mais frios do inverno, enquanto lida com protestos civis, que, por incrível que pareça, no país da censura prévia, incluem pedidos de renúncia do presidente Xi Jinping.
Correio do Povo
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