Xi Jinping emplaca seu terceiro mandato seguido no comando da República Popular da China
Jurandir Soares
Ao término, no domingo último, do Congresso do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping foi referendado no cargo de presidente por mais cinco anos, em seu terceiro mandato. O que não se constitui em novidade. Isto já era esperado pelo absolutismo com que ele vem dirigindo o país. Assim, Xi, 69 anos, mina as normas de transição ordenada de liderança postas em prática após a Revolução Cultural, para evitar a repetição das lutas de Mao para manter o poder indefinidamente. Desde Deng Chiao-ping na década de 70, os dirigentes chineses têm se alternado no poder e cumprido a norma de não empossar ninguém com mais de 68 anos.
O atual dirigente manobrou para afastar do Comitê Central do PC o primeiro ministro Li Keqiang, de 67 anos. Ao mesmo tempo, fez com que Zhang Youxia, de 72 anos, continuasse como vice-líder da Comissão Militar Central, órgão responsável pela supervisão das Forças Armadas. Ou seja, Xi Jinping é hoje tão poderoso quanto Mao Tsé-tung, o fundador da República Popular da China.
Chamou a atenção do mundo um fato ocorrido na cerimônia de encerramento do congresso. A retirada da mesa das autoridades do ex-presidente, antecessor de Xi, Hu Jintao. Ele estava sentado ao lado de Xi e, de repente, vieram dois assessores ou seguranças e o pegaram pelo braço, fazendo-o levantar, embora sua resistência. Ao ser arrastado Hu ainda se dirigiu a Xi, o qual apenas fez um sinal com a cabeça, mostrando que estava concordando com o que estava sendo feito. Todos os demais integrantes da mesa se mantiveram impassíveis. O episódio foi visto pelo mundo, menos pelos chineses, devido ao controle da mídia. A cena ridícula foi justificada sob a alegação de que Hu estava doente e precisava ser tratado. Doente, mas estava sentado tranquilamente até ser retirado, numa cena que mostra bem o que é o regime. Demonstração pública para o mundo sobre quem manda e quem está sendo execrado. Curiosamente, os dois dirigentes de outros países que cumprimentaram Xi por seu terceiro mandato foram, o russo Vladimir Putin, há 22 anos no poder, e o norte-coreano Kim Jong Un, que já está há 11 no cargo, onde permanecerá enquanto sua saúde e sua segurança suportar. Ou seja, dois ditadores como ele.
Resta dizer que em seu terceiro mandato Xi vai ter que lidar com uma economia em queda livre. O país que experimentou uma média de crescimento do PIB em 10% ao longo de uma década, está na iminência de entrar em recessão. Covid e lockdown ainda são presenças marcantes no país, que experimenta uma substancial redução na produção e no consumo. O detalhe é que uma recessão nessa que é a segunda economia mundial, significa um problemão para a maior parte dos países, inclusive o Brasil.
Correio do Povo
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