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sábado, 29 de outubro de 2022

Guerra por procuração

 Tudo indica que os conflitos entre Rússia e Ucrânia irão se prolongar por muito mais tempo

Jurandir Soares



A manifestação feita nesta terça-feira pelo chanceler da Alemanha Olaf Sholtz em Berlim, de que a Europa pretende enviar 1,5 bilhão de euros por mês à Ucrânia ao longo do ano de 2023 para fazer frente à Rússia, se constitui num indicativo de que esta guerra vai se prolongar por muito tempo ainda. Sholtz falou num “Plano Marshall” para a Ucrânia. Só que o plano original se constituiu numa substancial ajuda financeira dos Estados Unidos à Europa após o término da guerra. E, neste caso citado por Sholtz, estamos em plena guerra. Será uma espécie de reconstrução em meio à destruição. Porém, com a guerra seguindo, é muito provável que boa parte deste dinheiro seja usado para fins militares, como compra de armamentos, equipamentos e alimentação para os combatentes.

Se por um lado temos a vontade expressa da Europa em ajudar a Ucrânia, por outro temos a triste perspectiva de que esta guerra vai longe. E isto se dá justamente quando a população ucraniana mais sofre com as agruras da guerra. A mudança de estratégia da Rússia, passando a lançar mísseis e drones kamikases contra o território ucraniano está provocando uma catástrofe. De acordo com as informações, 40% do sistema de energia do país ficou fora de operação. Isto significa que mais de um milhão de residências estão sem luz, sem aquecimento e sem água. Isto num momento em que as temperaturas no país já estão chegando ao 0ºC. Abastecer-se de lenha tem sido um paliativo, mas, e os hospitais? Como fica o atendimento para os recém nascidos que precisam de aquecimento? Ou para os idosos? A triste realidade é que a Europa trava uma guerra por procuração contra a Rússia e a “bucha de canhão” é a população ucraniana.

Enquanto isto, fala-se cada vez mais em uso de arma nuclear. Agora, a Rússia está acusando a Ucrânia de preparar uma “bomba suja” para lançar contra sua própria população e denunciar como sendo obra de Moscou. Ato que seria o cúmulo dos cúmulos: um crime contra sua própria população. Algo impensável. Em meio à descabida acusação, a Rússia executou, nesta quarta-feira, um exercício que envolveu submarinos nucleares, bombardeiros estratégicos e mísseis balísticos. Ou seja, a guerra tende a se estender e ficar cada vez mais perigosa.

Correio do Povo

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