Valor parcial corresponde a recursos recebidos por oito dos dez concorrentes ao Palácio Piratini
Felipe Nabinger*
Passadas duas semanas do início oficial de campanha, oito dos atuais dez candidatos ao governo do Estado apresentaram os primeiros relatórios financeiros fiscais referentes a suas receitas e despesas. Até este momento, somados os valores referentes ao fundo partidário, ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e os recursos privados (oriundos de doações de pessoas físicas) os postulantes juntos receberam R$ 21,7 milhões. Até a manhã desta quarta-feira, somente duas candidaturas não haviam encaminhado relatórios prévios, a de Carlos Messalla (PCB) e Rejane de Oliveira (PSTU). Paulo Roberto, do PCO, renunciou à sua candidatura.
Essa prestação de contas é um requisito legal para as candidaturas que, entre 9 e 13 de setembro, deverão obrigatoriamente apresentar o registro parcial da movimentação financeira desde o primeiro dia da campanha. Depois disso, no dia 15, a Justiça Eleitoral divulgará esse balanço. A discriminação total das receitas e despesas deverá ser apresentada em até 30 dias após o primeiro turno. Para aquelas candidaturas que vão ao segundo turno, o prazo é até 20 dias após a data do pleito.
Das oito chapas que vem encaminhando os dados financeiros para o sistema do Tribunal Superior Eleitoral, duas não fazem uso de valores oriundos do FEFC ou do fundo partidário ou do fundo eleitoral. Roberto Argenta (PSC) arrecadou mais de R$ 4,3 milhões em recursos privados, enquanto Ricardo Jobim (Novo) vem fazendo sua campanha, até aqui, com R$ 63 mil de doações. Cerca de 85% da receita de Argenta é oriunda de repasses de dois empresários do setor calçadista. Um deles, Heitor Vanderlei Linden, é seu sócio em uma indústria do ramo e doou R$ 2,6 milhões. O outro é Alexandre Grendene, que repassou R$ 1,1 milhão. Já no caso de Jobim, em torno de 63% do valor vem de recursos próprios do candidato e outros 8% de um financiamento coletivo.
Atrás de Argenta e à frente de Jobim como segundo maior arrecadador de recursos privados está Onyx Lorenzoni (PL), com R$ 400 mil, sendo R$ 300 mil doados por Gilson Lari Trennepohl, vice-prefeito de Não-Me-Toque, eleito pelo Dem, antigo partido de Onyx, antes da fusão com o PSL para formar o União Brasil. Gilson, que é sócio de uma indústria de máquinas e implementos agrícolas, é também o segundo maior doador entre pessoas físicas da campanha de Jair Bolsonaro, com R$ 350 mil, ficando atrás somente do ex-piloto de Fórmula-1, Nelson Piquet.
Fundo de campanha
Onyx é também o que mais declarou recursos provenientes do FEFC, em um total de R$ 6 milhões. O valor é o mesmo destinado pelo PL para as campanhas de Jorginho Mello, em SC, e de Cláudio Castro, no RJ, atrás apenas dos R$ 8 milhões destinados a Anderson Ferreira, em Pernambuco, entre os candidatos ao cargo de governador. Depois dele veem, pela ordem, Luis Carlos Heinze (PP), Eduardo Leite (PSDB), Vieira da Cunha (PDT), Edegar Pretto (PT) e Vicente Bogo (PSB).
No caso de Heinze, R$ 3 milhões vieram do diretório nacional do PP e o restante do fundo do diretório estadual. O valor recebido da executiva nacional para sua campanha ao Piratini é inferior ao recebido pela campanha da Comandante Nádia ao Senado, que é de R$ 3,5 milhões.
Eduardo Leite é o terceiro na lista da executiva nacional do PSDB, recebendo R$ 2,6 milhões, atrás apenas de Rodrigo Garcia, que concorre em SP, e de Raquel Lyra, de PE. O MDB nacional forneceu R$ 150 mil do FEFC para a campanha do tucano. Para critério de comparação, candidatos a deputado federal do partido, Osmar Terra, Márcio Biolchi e Giovani Feltes – que buscam a reeleição –, receberam R$ 2,5 milhões cada.
Vieira da Cunha é o sexto candidato a governador do PDT que mais recebeu recursos do fundo especial, sendo o valor de R$ 2,5 milhões metade do destinado para aquele que mais recebeu, Roberto Cláudio, do CE. Edegar Pretto recebeu do mesmo fundo, tendo como origem o diretório nacional do PT, R$ 1,5 milhão, mesmo valor de Teresa Leitão, candidata ao governo do PE. Os dois ficam atrás de outros cargos postulantes ao mesmo cargo em outros estados. Ele ainda recebeu R$ 210 mil do PSol nacional.
Já Bogo conta com R$ 195 mil encaminhados pela direção nacional do PSB e outros R$ 100 mil, esses do fundo partidário, do diretório estadual. O valor é o sexto entre os candidatos aos governos de outros estados, ficando abaixo até mesmo dos R$ 5 milhões destinados à campanha de Fernando Haddad (PT), em SP, onde os partidos estão coligados.
Despesas
Quatro dos candidatos ainda não lançaram os relatórios de suas despesas: Pretto, Heinze, Bogo e Vieira. Cabe lembrar, que, até os limites estipulados em lei, as candidaturas podem atualizar seus dados. Entre os que já apresentaram gastos de campanha, ressalta-se Argenta. Quase 80% dos R$ 3,1 milhões declarados foram destinados à impressão de material gráfico, pagamento do marqueteiro da sua campanha, produção de programas eleitorais e confecção de bandeiras. No caso de Leite, 92% dos R$ 918 mil foram destinados à produção de peças dos programas para rádio e televisão.
Onyx tem três lançamentos para o mesmo fornecedor, totalizando R$ 200 mil para confecção de adesivos e bandeiras. Jobim apresentou pagamentos de R$ 56 mil, a maior parte com material de publicidade e contratação de empresa de comunicação. O candidato é o único, até agora, a declarar o pagamento de impulsionamento de postagens em redes sociais, medida permitida na campanha, com um lançamento de R$ 5 mil para o Facebook.
O limite de gastos previsto pela legislação eleitoral para cada candidato a governador do RS é de R$ 11.562.724,00 no primeiro turno.
Confira os lançamentos até o dia 31 de agosto**
**Carlos Messalla e Rejane de Oliveira ainda não apresentaram relatórios
*Colaborou Paula Neiman
Correio do Povo
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