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terça-feira, 30 de agosto de 2022

‘Bolsonaro falou para seu público’, avalia cientista político sobre estratégia do presidente no 1º debate da TV

 Em entrevista ao Jornal da Manhã, Marcelo Suano também afirmou que ataque do mandatário à jornalista Vera Magalhães ‘pode ter causado desconforto’ entre indecisos



Há um pouco mais de um mês para as eleições, o primeiro debate entre presidenciáveis ocorreu neste domingo, 28, com os principais postulantes da corrida ao Palácio do Planalto. Para comentar esse primeiro confronto, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o cientista político Marcelo Suano. Ao analisar as estratégias dos principais candidatos à presidência, o especialista avaliou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) atuou para agitar sua base eleitoral: “O presidente Bolsonaro falou, em um primeiro momento, para seu público. E o seu público ficou feliz com o que ele estava apresentando. Pareceu que ele tinha cometido um erro estratégico no primeiro momento, em que vai e bate no Lula (PT) como corrupto, porque ele deu muito tempo para o Lula falar. Podia ser um erro estratégico, mas não, ele conduziu o debate na linha ‘eu não sou corrupto e o Lula é corrupto'”. Suano também dividiu os candidatos entre aqueles que queriam se apresentar ao eleitorado pela primeira vez, e aqueles que buscavam se estabelecer no debate público.

“O que se observam são dois blocos. Os três que se apresentaram: Soraya, Simone e Felipe. Eles se apresentaram ali para se tornarem mais conhecidos… No caso da Simone Tebet (MDB), se identifica que ela cumpriu o seu papel de se tornar notória nacionalmente, uma vez que a sua notoriedade era pequena. Os outros três candidatos responderam para o seu público específico. Muito curiosamente, o Ciro Gomes (PDT) deixou muito claro que quer ser uma nova esquerda e não aquela esquerda que estava vinculada ao Lula e muito concretizada como grupo que fez corrupção no país. Ciro Gomes tentou não fazer parte disso, foi muito duro e disse que houve corrupção. O Lula foi lá para apresentar dados do momento em que ele esteve no governo, os quais por si só podem ser questionados”, analisou o cientista político.

Suano também analisou o ataque de Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães. Na ocasião, o mandatário afirmou que a repórter é “uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, o que causou reações de repúdio dos presentes. Para o especialista, o presidente poderia ter evitado o ataque, porém ele pondera que a pergunta de Vera foi direcionada para afetar o candidato à reeleição: “Bolsonaro poderia ter atuado de forma diferente na questão que a Vera Magalhães colocou, mas quando você observa a estrutura da pergunta que ela fez, ela não fez uma pergunta para um candidato, fez uma pergunta desqualificando o adversário do candidato para quem ela queria fazer a pergunta. Ela foi tendenciosa e você tem um candidato com temperamento sanguíneo e estilo próprio. A resposta que ele deu pode ter causado um desconforto para a terceira via e o segmento da sociedade que está indeciso, mas para o público do Bolsonaro, não. Ele respondeu exatamente da forma como o público queria”.

“É uma questão de respeitar a jornalista ou respeitar a mulher? Eu não creio que ele tenha desrespeitado a mulher, ele foi duro e poderia ter respondido melhor para a jornalista, que fez uma pergunta um tanto quanto enviesada. Reforçou a ideia de misoginia? Essa ideia tem sido rebatida por todos aqueles que querem confrontar o Bolsonaro, dizendo que ele não tem políticas voltadas para as mulheres porque ele não gosta de olhar para o público feminino com igualdade. O que ele demonstra com as equipes que ele monta, a forma como faz as políticas e para quem ele entrega determinadas decisões que tentam contemplar as necessidades do público feminino. Ele teve perdas ou ganhos? Não teve nem perdas, nem ganhos com relação à misoginia. Mas pode ter tido alguns ganhos no público que está sedento para que ele seja mais duro na maneira de se posicionar”, analisou.

Jovem Pan

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