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sábado, 30 de julho de 2022

Morre o poeta gaúcho Luiz de Miranda

 Autor uruguaianense de 77 anos estava internado no Hospital São Lucas da PUCRS


O escritor Luiz Carlos Goulart de Miranda morreu na tarde desta sexta-feira, dia 29 de julho, aos 77 anos, no Hospital São Lucas da PUCRS, onde estava na UTI. A informação foi dada pelo escritor e amigo José Eduardo Degrazia. Ainda não há informações sobre a causa da morte e como serão as cerimônias fúnebres. 

O intelectual enfrentava problemas de saúde há alguns anos. Natural de Uruguaiana, Miranda nasceu em 6 de abril de 1945. Entre seus livros publicados estão "Memorial" (1973), "Solidão Provisória" (1978), "Amor de Amar" (1986). Ele integrava a Academia Rio-Grandense de Letras desde 1987.

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, lamentou a perda de "um grande nome da cultura". Em uma publicação no Twitter, disse que está em contato com a família e amigos para oferecer o suporte necessário.



Trajetória do autor de 40 obras 

O poeta foi candidato cinco vezes consecutivas ao Nobel de Literatura, em 2015 comemorou seus 70 anos no Espaço Delfos, da PUCRS, com o lançamento de seu livro número 40: "Rumos do Fim do Mundo". Em 2017, ele completou 50 Anos de carreira literária. Até este ano, a sua obra somava 4.318 páginas em 40 livros publicados. 

Luiz de Miranda nasceu em Uruguaiana na rua Aquidaban, hoje Avenida Flores da Cunha, em um pequeno bairro, ao lado do rio Uruguai. Desde criança, entrou em contato com a literatura através da língua espanhola, porque dominou essa língua. Quando tinha 17 anos, comprou alguns livros na livraria Sarmiento, em Passo de Los Libres, Argentina. Então conheceu Pablo Neruda e Vicente Aleixandre, que mais tarde receberam o Prêmio Nobel de Literatura. Também comprou a obra completa de Cruz e Sousa, o primeiro livro de poesia brasileira que adquiriu. Foi criado por sua avó Francisca Goulart de Miranda, sua mãe, também Francisca, e seu padrasto, Elpídio Alvino Nunes da Rosa, todos analfabetos.

Uma vez, falando com José Saramago, o único Prêmio Nobel português de literatura, o escritor português disse ter algo em comum: os seus pais também não sabiam ler. Feliciano, o tio mais velho, levou a família para Uruguaiana, onde nasceu Luiz de Miranda. Perseverando Goulart de Miranda, seu padrinho, também ajudou a criá-lo. A mãe Francisca conheceu o futuro pai que trabalhava na ponte Uruguaiana. Eles não se casaram, e o homem voltou para Cambará do Sul. Quando tinha nove anos, a família foi para um rancho de férias. Era 5 de fevereiro de 1955. O caminhão onde eles foram virou na primeira ponte da saída da cidade, e seu irmão, José Newton de Miranda, três anos mais novo que ele, morreu.

Em agosto de 1966, mudou-se para São Paulo, antes de passar pela China, onde fez um curso de guerrilha. Fez um curso de teatro com Paulo Mendonça, e recitava poesia com Paulo Gracindo, ambos em São Paulo. Em 1967, conheceu o poeta e crítico literário Cassiano Ricardo. Ele leu os primeiros dois livros de Luiz de Miranda, Versos ao Longe e Poemas em Preto e Branco, e os definiu como não tão bons. Ele indicou o poeta Guilherme de Almeida para orientá-lo a escrever. Luiz de Miranda, sempre rebelde, não aceitou a indicação, mas pediu conselho a Cassiano Ricardo que lhe indicou 25 livros sobre poesia. Depois de ler o poeta rasgou os seus dois primeiros livros e começou a partir do zero.

Em dezembro de 2009, Luiz de Miranda entregou seu material de entrevistas e poemas publicados pelos jornais, além de outros documentos, livros e cartas para o Espaço Delfos - Espaço e Memória Cultural da PUCRS

Correio do Povo

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