sexta-feira, 1 de julho de 2022

Exonerado, ex-presidente da Caixa manterá salário de R$ 56 mil por 6 meses

 Pedro Guimarães deixou comando do banco nesta semana após ser acusado de assédio sexual por várias funcionárias



ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães deverá receber pelo menos R$ 56 mil da estatal por seis meses, mesmo após ter deixado o comando do banco nesta semana depois de ser acusado de assédio sexual.

Isso ocorre por causa da Lei 12.813/2013. O artigo 6º da norma estipula o período de um semestre para o funcionário, que antes integrava o poder público, trabalhar na mesma área de atuação na iniciativa privada, justamente para evitar conflito de interesses.

Com a indenização, o ex-presidente da estatal, que tinha salário fixo de R$ 56 mil, vai receber, ao longo do tempo em que ficará de "quarentena", o total de R$ 336 mil.

A reportagem busca contato com Pedro Guimarães.

Assédio sexual

Guimarães pediu demissão da Caixa depois de se tornar alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) por denúncias de assédio sexual. As suspeitas foram reveladas pelo portal Metrópoles. De acordo com a apuração, os casos teriam ocorrido com empregadas do banco. Em entrevista ao site, as mulheres relataram que se sentiram assediadas pelo economista em diferentes ocasiões, sempre em eventos ou viagens de trabalho.

Há denúncias de aproximação física e toques indesejados. As investidas teriam ocorrido especialmente em eventos do Caixa Mais Brasil, programa criado pelo executivo para dar visibilidade à Caixa em todo o país.

Fontes ouvidas pelo R7 no MPF confirmaram a investigação e afirmaram que as diligências estão sendo feitas sob sigilo na Procuradoria da República no Distrito Federal, já que o economista não tem foro privilegiado. A presidente do TCU, Ana Arraes, já confirmou a investigação da entidade sobre os mecanismos da Caixa para combater esse tipo de assédio.

Quem é Guimarães?

O economista carioca Pedro Guimarães tem 51 anos e assumiu a presidência da Caixa em 3 de janeiro de 2019, sucedendo Nelson de Souza. Como presidente da empresa, Guimarães também faz parte do conselho administrativo do banco. Antes disso, ele já havia sido sócio em duas instituições do setor bancário: a BTG Pactual — banco de investimentos fundado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes — e o Banco Plural.

Guimarães formou-se em Economia em 1992 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), fez mestrado em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutorado pela Universidade de Rochester, em Nova York, onde apresentou uma tese sobre privatizações no setor financeiro.

Ele é genro de Léo Pinheiro, da empreiteira OAS. Pinheiro foi o delator do "Caso Tripléx", que levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele também já foi acusado de assédio moral, inclusive com a divulgação de vídeos em que constrange funcionários da Caixa e os obriga a fazer flexão.

Na época, o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Distrito Federal notificou Guimarães e recomendou que o presidente da instituição não submetesse os colaboradores a "situações de constrangimento no trabalho" sob pena de abertura de um procedimento investigatório e adoção de medidas para correção da conduta, sem descartar responsabilizações civil, criminal e administrativa.

Em outro episódio recente, em dezembro de 2020, o economista ficou em evidência por comentar que não sabia que há pessoas morando em lixões no Brasil. Em março deste ano, Guimarães assinou acordos de R$ 24 mil com duas ex-empregadas domésticas que o acusaram de não pagar direitos trabalhistas.

O presidente da Caixa chegou a cogitar a possibilidade de concorrer às eleições, mas a ideia acabou perdendo força. Ele também chegou a ser lembrado como possível substituto de Paulo Guedes no Ministério da Economia, que o indicou para a presidência do banco.

R7 e Correio do Povo

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