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quinta-feira, 28 de julho de 2022

Brasil tenta barrar crítica à Guerra da Ucrânia na declaração de Brasília

 Carta de ministros da Defesa de 34 países das Américas está em discussão na capital federal



Militares do Brasil trabalharam para barrar uma condenação à guerra na Ucrânia e um pedido de cessar-fogo na Declaração de Brasília, a carta de ministros da Defesa de 34 países das Américas, em discussão na capital federal. A redação final do documento passava ontem pelos últimos ajustes. O texto precisa ser aprovado e assinado hoje em reunião plenária da Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA).

O Canadá, com apoio dos EUA, sugeriu que a declaração abordasse a guerra e suas consequências. Os canadenses indicaram a inclusão do seguinte parágrafo: "Seu compromisso de defender os valores da autodeterminação, da liberdade de opressão estrangeira, do respeito às fronteiras reconhecidas internacionalmente e da soberania nacional - sobre os quais todos os Estados-membros da CMDA foram fundados."

Diplomacia

O Brasil, no entanto, liderou a oposição à inclusão da guerra no texto e foi acompanhado por Argentina, México e Chile, cujos governos são de esquerda. O capitão de Mar e Guerra Ciro de Oliveira Barbosa, coordenador-geral da Seção de Organismos Interamericanos, argumentou que o conflito entre Rússia e Ucrânia não deveria ser tratado no âmbito da CMDA, "já que existiriam outros organismos internacionais mais apropriados para a tratar do conflito".

Com aval do presidente Jair Bolsonaro, a diplomacia brasileira votou contra a Rússia em instâncias da ONU, mas não se alinhou totalmente ao Ocidente e pediu o abrandamento dos termos em relação a Moscou. A posição é vista como dúbia pelas potências ocidentais, lideradas pelos EUA.

"Neutralidade"

O presidente brasileiro afirmou que adotou "neutralidade" e "equilíbrio" com relação à guerra, posição questionada pelo presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Dias antes da invasão russa, Bolsonaro visitou Moscou e se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin.

Na ocasião, Bolsonaro disse que se solidarizava com a Rússia. No fim da visita, oito dias antes da invasão, ele sugeriu que Putin havia recuado pro causa de sua presença. "Coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira", disse o presidente brasileiro.

Até agora, os russos têm recorrido ao Brasil para evitar isolamento diplomático e bloqueios em organismos internacionais, como G-20 e FMI. O Brasil se colocou contra as sanções econômicas a Moscou.

Agência Estado e Correio do Povo


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