O bilionário Elon Musk informou nesta sexta-feira (8) que desistiu do acordo de compra do Twitter. Em documento enviado à SEC, órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários, ele afirmou que houve uma violação de várias disposições do acordo. Em comunicado, o Twitter disse que a empresa vai recorrer à Justiça para fazer valer o negócio firmado com Musk.
O anúncio da saída do bilionário do negócio acontece três meses depois que ele chegou a um acordo com o conselho de administração do Twitter para comprar a rede social por US$ 44 bilhões. Antes da oferta da compra, Musk chegou a adquirir 9% das ações da rede social.
O homem mais rico do mundo vinha questionando a plataforma sobre o número de contas falsas e de spam, e já havia ameaçado desistir da compra se não pudesse realizar sua própria análise. A rede social diz que os perfis fake representam menos de 5% de sua base de 229 milhões de usuários.
Mas Musk diz que sua análise parcial a partir de dados fornecidos pela companhia mostram que o número é maior. Segundo seus advogados, tudo indica que as informações divulgadas sobre as contas suspeitas são “falsas ou materialmente enganosas”.
“A análise preliminar dos consultores de Musk das informações fornecidas pelo Twitter até o momento faz com que Musk acredite fortemente que a proteção de contas falsas e de spam incluídas na contagem de usuários relatada é muito superior a 5%”, afirmam advogados do bilionário em carta enviada à SEC.
Em maio, ele chegou a afirmar que as contas suspeitas poderiam representar 20% da base de usuários do Twitter.
O novo documento aponta que o Twitter não forneceu todos os dados que, na avaliação de Musk, seriam necessários para finalizar a negociação.
“O Twitter não cumpriu suas obrigações contratuais. Por quase dois meses, Musk buscou os dados e informações necessários para ‘fazer uma avaliação independente da prevalência de contas falsas ou spam na plataforma do Twitter'”, diz a carta. “O Twitter falhou ou se recusou a fornecer essas informações. Às vezes, o Twitter ignorou os pedidos de Musk, às vezes os rejeitou por razões que parecem injustificadas e, às vezes, afirmou cumprir ao fornecer informações incompletas ou inutilizáveis a Musk”, continuou.
Ele tornou o assunto público no próprio Twitter e quando o presidente-executivo da rede social, Parag Agrawal, defendeu a empresa em uma série de tuítes, Musk respondeu com um emoji de cocô.
O acordo determina que Musk deve pagar multa de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) se houver quebra de contrato ou se o negócio virar uma disputa judicial. A empresa também pode ser obrigada a pagar a mesma taxa de rescisão ao bilionário em circunstâncias específicas.
Após o anúncio da desistência do dono da empresa de foguetes SpaceX e da fabricante de carros elétricos Tesla, o Twitter prometeu uma batalha judicial para fazer o negócio ser cumprido.
“O conselho do Twitter está comprometido em fechar a transação no preço e nos termos acordados com o sr. Musk e planeja entrar com uma ação legal para fazer cumprir o acordo de fusão. Estamos confiantes de que prevaleceremos no Tribunal de Chancelaria de Delaware”, afirmou a empresa.
Contas falsas
O recuo vinha sendo desenhado há algum tempo. Em 13 de maio, Musk chegou a dizer que o acordo estava suspenso temporariamente, alegando que o Twitter não conseguiu justificar os pedidos dele para saber mais sobre a abundância de contas falsas e de spam na rede social.
O anúncio fez com que as ações da companhia caíssem em torno de 20% nas negociações prévias à abertura da Bolsa de Nova York. Em junho, ele voltou a ameaçar desistir da compra, pelo mesmo motivo.
Mas Musk disse que não acreditava que as “metodologias de teste negligentes” da empresa eram adequadas e que queria conduzir sua própria análise. Por isso, solicitou dados à rede social.
Segundo o comunicado de encerramento do acordo, o primeiro pedido de Musk ao Twitter sobre a prevalência de contas falsas ou de spam na plataforma foi feito em 9 de maio.
O bilionário alega ter feito repetidas tentativas para conseguir os dados, mas que só recebeu dados incompletos da plataforma.
O questionamento de Musk sobre a quantidade de contas suspeitas no Twitter foi apontado por analistas como uma possível tentativa do bilionário de renegociar ou até mesmo se afastar do negócio.
Em abril, quando o acordo foi anunciado, Musk afirmou que o Twitter tem um “potencial tremendo” e deve ser uma “arena” da defesa da liberdade de expressão.
“Quero tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a confiança, derrotando bots de spam e autenticando todos os humanos”, disse o bilionário na ocasião.
O Sul
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