quarta-feira, 29 de junho de 2022

Resultados da avaliação diagnóstica de ensino foram "lamentáveis", diz secretária de Educação do RS

 Dados mostram que alunos do 3º ano do Ensino Médio têm conhecimento de 7º ano do Fundamental em Matemática



Foram considerados "lamentáveis" os resultados da avaliação diagnóstica aplicada para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental (EF) e do 3º ano do Ensino Médio (EM) da rede pública estadual em março deste ano. A afirmação foi feita nesta terça-feira pela secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, ao apresentar os dados aos deputados da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS).

O levantamento avaliou, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, mais de 624 mil alunos, do 2º ao 9º ano/EF e do 1º ao 3º ano/EM, de 2.147 escolas estaduais. Os dados mostraram que, em Língua Portuguesa, 27% dos alunos do 5º ano estão abaixo do básico, assim como 33% no nível avançado.

Em Matemática, 43% desses estudantes estão abaixo do básico, no 9º ano índice é de 80% abaixo do básico e no 3º ano do Médio de 92%. Ainda no 3º ano/EM, os conhecimentos considerados como “adequado” e “avançado” não atingiram 4%.

Segundo Raquel, os números mostram que os alunos do 3º ano/EM estão saindo da escola com nível de Matemática de 6º e 7º ano, “ou seja, raciocínio lógico, dedutível e abstrato, não existem. Isso é quadro muito assustador”, qualifica.

Os caminhos para a recuperação da defasagem de aprendizagem dos alunos, de acordo com Raquel, passam por aumento da carga horária de Português e Matemática e adoção dos programas "Aprende Mais", "Escolha Certa" e "Bolsa de Permanência". Ela informou que haverá concurso público para o Magistério. O edital será publicado em julho para a contratação de 1,5 mil docentes. Ainda abordou questões relativas à evasão, busca ativa e transporte escolar, sendo que o assunto voltará à debate, em data a ser definida.

Para a diretora do Departamento de Educação do Cpers/Sindicato, Rosane Zan, a avaliação é falha, pois dimensiona apenas parte das perdas de aprendizagem em áreas específicas do conhecimento e sem considerar demais dificuldades. “Não se pode avaliar um aluno, sem, antes, conhecê-lo; e sem saber sobre seu ano letivo. Estamos batendo nesta tecla desde o início, já que o governo vem tentando implementar o Novo Ensino Médio sem antes conhecer os alunos e suas dificuldades", disse.

Sobre o período de aplicação do diagnóstico, Rosane aponta inadequação, pois os alunos estavam recém retornando da fase pandêmica. Mas entende que fica ainda mais claro como o ensino presencial é importante para o desenvolvimento dos alunos de todas as idades.

Correio do Povo


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