O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reiterou nesta terça-feira (28), que o governo Jair Bolsonaro é favorável à “defesa da vida desde a concepção” e criticou eventuais iniciativas do Judiciário para descriminalizar o “aborto injustificado”. Para o titular do ministério, que participou do X Fórum Jurídico de Lisboa nesta terça-feira, mudanças na legislação sobre interrupção da gravidez devem ser feitas só pelo Congresso e submetidas a referendo popular.
“Entendo que o poder Judiciário não deve buscar, de maneira ativa, modificar o ordenamento jurídico atual”, disse ele após o evento. Segundo Queiroga, a posição do ministério neste assunto é “a posição da lei”. Ele enumerou que os médicos estão autorizados a fazer aborto em três situações: estupro, risco de vida para a mulher e anencefalismo do feto.
Ele frisou ainda que a mulher ou a família, no caso de menores de idade, têm direito a escolher se querem interromper ou continuar a gravidez, mesmo em caso de estupro. Nesse caso, a menor precisaria receber todo apoio, inclusive psicológico “para continuar a gestação”, disse. Para Queiroga, no ministério “não há polêmica sobre o direito ao aborto em caso de estupro.” “Estupro é crime tipificado no Código Penal, como o aborto também é”, comparou.
Ele não quis comentar o caso da menina que engravidou aos dez anos e foi impedida de abortar por uma juíza em Santa Catarina. “Esse caso corre em segredo de Justiça”, justificou. Mas em seguida, observou: “Duas crianças menores de 13 anos não seriam enquadradas em situação de estupro, porque a legislação assim diz.” O motivo da declaração é a suspeita de que o autor do estupro contra a criança teria sido um menor de 14 anos.
Questionado sobre se acredita que uma criança pode ser mãe, disse que não é “questão de acreditar ou não; são questões que acontecem na prática.” Ele também afirmou que, na hipótese de sua filha passar por uma situação trágica como essa, caberia a ela decidir. “A decisão é dela. Gostaria que o estuprador fosse punido exemplarmente”.
Queiroga disse ainda que a discussão sobre a cartilha com recomendações sobre aborto na rede pública, colocada em audiência pública nesta semana pelo Ministério da Saúde, objetiva dotar a rede de atenção básica de procedimentos e equipamentos para atender os casos de aborto legal. O ministro diz que a cartilha vai aprofundar o debate sobre o assunto, o que não teria sido feito, segundo ele, em outros governos.
O Sul
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