Uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas nos ataques
Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, sofre neste sábado (30) vários bombardeios de tropas russas. Porém, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que as forças do país conseguiram "êxitos táticos" na região. Uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas devido à "artilharia inimiga e ataques de morteiro", informou no Telegram a administração militar regional de Kharkiv.
As tropas ucranianas anunciaram que recuperaram um vilarejo "importante estrategicamente" perto de Kharkiv: Ruska Lozova. E também informaram a retirada de centenas de civis. "Foram dois meses vivendo sob um medo horrível. Nada além de um medo terrível e persistente", contou à AFP Natalia, uma jovem de 28 anos que conseguiu escapar da localidade.
Um homem de 40 anos que pediu para ser identificado apenas por seu primeiro nome, Svyatoslav, disse que passou dois meses em um porão sem comida e se alimentava com qualquer coisa que encontrava.
A Rússia confirmou na sexta-feira que executou bombardeios aéreos contra Kiev durante a visita do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o primeiro ataque contra a capital ucraniana em quase duas semanas, uma ação que provocou a morte de uma jornalista.
Zelensky pediu uma resposta global mais veemente aos ataques de quinta-feira, que aconteceram após sua reunião com Guterres. "É lamentável, mas uma humilhação tão deliberada e brutal das Nações Unidas por parte da Rússia não teve resposta", disse. Guterres também visitou Bucha e outras áreas do subúrbio de Kiev, onde a Rússia foi acusada de cometer crimes de guerra. Moscou nega ter matado civis.
O ministério russo da Defesa afirmou que usou "armas de longo alcance e alta precisão", que "destruíram edifícios onde são produzidos mísseis Artyom em Kiev". "Acredito que os russos não temem nada, nem o julgamento do resto do mundo", declarou à AFP Anna Hromovich, vice-diretora de uma clínica que foi atingida pelo ataque e ficou muito danificada.
A "depravação" de Putin
Promotores ucranianos afirmaram que identificaram mais de 8.000 crimes de guerra e que investigam 10 soldados russos por suspeitas de atrocidades em Bucha, onde foram encontrados dezenas de corpos com roupas civis após a retirada das tropas russas. O porta-voz do Pentágono, John Kirby, descreveu a destruição na Ucrânia na sexta-feira e criticou o que chamou de "depravação" de Putin.
Mais de dois meses depois do início da invasão, após o fracasso do objetivo inicial de conquistar Kiev, a Rússia intensifica agora as operações na região leste do Donbass e fortalece o controle na devastada cidade portuária de Mariupol, no sul.
As autoridades de Kiev afirmaram que desejavam retirar os civis da usina siderúrgica de Azovstal, que está cercada e representa o último reduto em Mariupol com centenas de civis ao lado dos últimos soldados ucranianos. Mas Denis Pushilin, líder da região separatista de Donetsk, acusou as forças ucranianas de "atuar como terrorista" por supostamente reter os civis na siderúrgica.
Avanços irregulares
Nos últimos dias, Kiev admitiu que as forças russas capturaram várias pequenas localidades do Donbass. Mas as forças ucranianas, armadas pelos países ocidentais, também relataram pequenas vitórias na linha de frente.
Uma fonte da Otan afirmou que a Rússia registrou avanços "pequenos e irregulares" em sua tentativa de cercar as posições inimigas diante do contra-ataque das tropas ucranianas.
O Pentágono disse que os russos "ficaram atrás do que esperavam alcançar no Donbass" porque os ataques aéreos não conseguiram pavimentar os avanços terrestres. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que a ofensiva de seu país acontece "de acordo com os planos".
Em uma entrevista publicada neste sábado pela agência estatal chinesa Xinhua, Lavrov também pediu à Otan e aos Estados Unidos que parem de enviar armas a Kiev "se realmente estão interessados em resolver a crise ucraniana".
A Ucrânia espera receber mais armas prometidas pelos países ocidentais. Durante a semana, o presidente americano Joe Biden pediu ao Congresso 33 bilhões de dólares para armar e apoiar o governo de Kiev. Os temores de propagação do conflito pela Europa chegaram à zona separatista pró-Rússia da Transnístria, na Moldávia, depois que explosões e tiros foram registrados na região.
A guerra provocou a fuga de 5,4 milhões de pessoas da Ucrânia e outras 7,7 milhões estão em deslocamento dentro do país desde o início da invasão, de acordo com a ONU.
AFP e Correio do Povo
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