Clique Banner

terça-feira, 31 de maio de 2022

Morre o ator Milton Gonçalves aos 88 anos

 Ator estava em casa quando veio a óbito, no início da tarde desta segunda-feira



Morreu no início da tarde desta segunda-feira, 30, o ator Milton Gonçalves aos 88 anos. De acordo com a família, ele morreu por consequências de saúde provocadas por um AVC sofrido em 2020. O ator estava em casa no momento de sua morte.

Milton Gonçalves era um ator de formação teatral sólida. Nascido em 9 de dezembro de 1933 em Monte Santo, Minas Gerais, ele se mudou para São Paulo ainda na infância. Foi alfaiate, gráfico e aprendiz de sapateiro. Com 24 anos, depois de atuar em peças amadoras, estreou no Teatro de Arena a convite do diretor e dramaturgo Augusto Boal (1931-2009), que o escolheu para o elenco da peça "Ratos e Homens". Ao se radicar no Rio de Janeiro, Milton fez episódios do "Grande Teatro Tupi", na TV Tupi, programa que adaptava para a televisão peças teatrais.

Em 1965, Milton foi um dos primeiros atores contratados para integrar o elenco de uma nova emissora carioca, a TV Globo, da qual nunca mais sairia. Naquele ano, ele participou de quatro novelas do canal. Na sequência, fez os humorísticos "TV0-TV1" (1966) e "Balança Mas Não Cai" (1968). Quando a TV Globo levou ao ar "A Cabana do Pai Tomás" (1969), novela baseada em um clássico romance norte-americano sobre a escravidão nos Estados Unidos, a classe artística achou que o papel deveria ser de Milton. Mas o personagem, negro, foi interpretado por Sérgio Cardoso (1925-1972), que era branco. O dramaturgo Plínio Marcos fez uma campanha no jornal em que tinha uma coluna contra Sérgio, que quando se encontrava com Milton tentava justificar sua escalação.

A convite de Daniel Filho, principal nome da dramaturgia da TV Globo, Milton também dirigiu novelas como "Irmãos Coragem" (1970) e alguns capítulos de "Selva de Pedra" (1972), dois clássicos de Janete Clair. Ao longo dos anos 1970, ele brilhou em frente às câmeras com personagens marcantes, como o Professor Leão, de "Vila Sésamo" (1972), e Zelão das Asas, de "O Bem-Amado" (1973). Milton também estava no elenco da primeira versão de "Roque Santeiro" (1975), no papel de Padre Honório, mas a trama foi proibida pela ditadura militar. O ator também esteve presente em outros sucessos de audiência, como "Baila Comigo" (1981), de Manoel Carlos, "Sinhá Moça" (1986) de Benedito Ruy Barbosa, e "A Favorita" (2008), de João Emanuel Carneiro. Seu último papel na televisão foi no especial "Juntos a Magia Acontece", que foi ao ar no fim do ano passado.

Milton também se candidatou ao governo do Rio de Janeiro em 1994, pelo PMDB, mas não venceu a eleição. Atualmente, estava na diretoria do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (Sated/RJ). Em 2017, ele chegou a ser nomeado presidente do Teatro Municipal do Rio, mas não assumiu o cargo. A decisão foi tomada porque Milton era membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência da República, e o acúmulo da função de presidente do Municipal configuraria "conflito de interesse".

Milton deixa os filhos Alda, Maurício e Catarina.

Agência Estado e Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário