Na próxima quinta-feira (2), o conselho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) analisará um pedido de prazo adicional de 60 dias para as operadoras começarem a rodar nas capitais a tecnologia 5G, considerada a “quinta geração” das redes móveis de comunicação. A proposta foi aprovada pelo Grupo de Acompanhamento das Obrigações da Faixa de 3,5 GHz (Gaispi).
De acordo com a regra original do leilão, essa tecnologia deveria estar disponível nas capitais até 31 de julho, mas agora a ideia é que as operadoras não sejam penalizadas se a implementação seja efetivada até 29 de agosto e a tecnologia esteja funcionando até 29 de setembro. Essa possibilidade de extensão do prazo foi prevista no edital.
Conforme especialistas, o problema central está no fornecimento de aparelhos que serão usados para impedir a interferência no sinal, uma vez que nem todos os equipamentos necessários chegariam até o fim de junho. Os motivos alegados incluem o novo lockdown na China (por causa do coronavírus), escassez de semicondutores e a burocracia aduaneira.
Entenda o impasse
Leiloada no ano passado a empresas de telefonia, a concessão de exploração do 5G ainda não está acessível em nenhuma cidade do Brasil. Além disso, as operadoras enfrentam dificuldades para instalar a tecnologia em 17 capitais, conforme levantamento do próprio setor.
Pelas regras do edital, as vencedoras do leilão (especialmente Claro, Tim e Vivo, maiores do Brasil no ramo de redes móveis) devem colocar no mínimo uma antena de 5G SA (stand-alone) para cada 100 mil habitantes em todas as capitais até o dia 31 de julho deste ano.
Mas o prazo pode ser estendido em dois meses. Com 12,3 milhões de habitantes, por exemplo, a cidade de São Paulo precisará ter pelo menos 123 antenas de 5G neste ano.
O 5G SA é também conhecido como 5G “puro”, oferecendo duas características fundamentais das redes móveis de quinta geração: altíssima velocidade e baixa latência (demora entre envio e recebimento da informação).
Essa versão usa infraestrutura totalmente nova e dedicada ao 5G, sem aproveitar a estrutura usada até hoje pelo 4G (versão “impura” denominada “5G DSS” e que aparece nos visores dos celulares brasileiros). Atualmente, 60 cidades contam com tal opção intermediária, chegando a 1,7 milhões de usuários.
Legislação restritiva
Enquanto não chega o prazo para a implementação definitiva de redes públicas de 5G, as empresas buscam driblar obstáculos para a instalação da tecnologia. O principal deles é a legislação restritiva de diversas cidades, que impede a instalação de um grande número de antenas.
No 4G, uma torre manda o sinal para um bairro inteiro, por exemplo. Já as ondas do 5G são mais curtas (quanto mais curta, maior a velocidade) e, por isso, serão necessárias dez vezes mais dispositivos.
Das 27 capitais, apenas nove já têm leis que permitem instalar os dispositivos em locais como alto de prédios e postes de iluminação pública, permitindo a implementação do 5G, de acordo com levantamento do Conexis, associação que reúne as empresas de telecomunicação.
Embora seja preciso instalar mais antenas, esses equipamentos são bem menores que as torres tradicionais de comunicação, o que afeta pouco a paisagem das cidades. O Ministério das Comunicações afirma que tem trabalhado apoiando as prefeituras para que reduzam barreiras sobre a instalação de infraestrutura necessária à oferta do 5G.
O cronograma da Anatel determina a ampliação do 5G todos os anos até 2029, quando será preciso atender 100% dos municípios, inclusive aqueles com população abaixo de 30 mil habitantes.
O Sul
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