A inflação medida pelo IPCA acumula alta da ordem de 17% desde o início da pandemia, no início de 2020 e o último mês de março. Nestes dois anos, a alta dos alimentos foi maior: 25,8%. Isso fez os brasileiros reduzirem o consumo fora do lar, ampliando as compras para a casa. Só que esses gastos estão levando parcela cada vez maior da renda das famílias, que não sobe na mesma proporção.
Segundo a consultoria Kantar, chegou a 60% no primeiro trimestre nas classes D e E. Além do supermercado, estão em alta gás de cozinha, combustíveis e energia elétrica. Por isso o esforço para cortar despesas nas prateleiras das lojas.
De acordo com a NielsenIQ, do início da pandemia a agosto de 2021, seu dado mais recente, o preço da cesta de produtos básicos subiu quase 24,6% no Brasil. É o maior índice de uma lista de 14 países e que traz o Chile em segundo lugar, com 17,4%, e a Rússia em terceiro, com 8,8%. Outro levantamento da consultoria aponta que 62% dos domicílios têm hoje algum tipo de restrição de gasto, bem acima da média global, de 40%.
“O consumidor tem de fazer escolhas. O movimento de trade down é claro e cobre todas as categorias, alimentos, limpeza, beleza e higiene pessoal. A exceção é a categoria de bebidas alcoólicas, porque o consumo fora do lar retraiu, sendo reforçado dentro de casa. Isso privilegia marcas premium, é uma espécie de indulgência”, observa Roberto Butrageno, diretor de Varejo da NielsenIQ.
Elo entre a indústria e o varejo, o Grupo GSA Alimentos é uma das empresas por trás das marcas próprias dos varejistas. Logo que viu essa oportunidade, a empresa começou a investir na produção de itens para as etiquetas de atacarejos.
“A marca própria já é dominada no varejo, que tem posicionamento forte. No atacarejo, começamos a ver um movimento porque as redes querem entregar o melhor preço”, diz Wesley Rodrigues, gerente de Marcas Próprias da GSA.
A empresa, além de suas linhas próprias, fabrica itens como macarrão instantâneo, temperos, mistura para bolo e condimentos para a “bandeira branca” dos supermercados.
Cesta básica
Um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostrou, na primeira semana de maio, que a cesta básica aumentou em todas as 17 capitais pesquisadas pela entidade. Em São Paulo, dos 13 itens da cesta básica, 12 registraram alta.
Batata, tomate, foram os produtos que mais subiram, em relação a março. Seguidos pelo leite integral e óleo de soja. E é na capital paulista onde se paga mais pelos produtos da cesta — pelo menos R$ 804 — correspondendo a 71% do salário mínimo.
Ou seja, após gastar esse valor, sobram apenas R$ 408 para o paulistano que ganha um salário passar o resto do mês.
O Sul
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