Locais registraram centenas de crimes e massacres em prisões
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou nesta sexta-feira (29) que decretou estado de exceção por 60 dias em três províncias onde se registram os maiores níveis de violência ligada ao tráfico de drogas. Os locais registraram centenas de crimes e massacres em prisões.
"Decretei estado de exceção nas províncias (costeiras) de Guayas, Manabí e Esmeraldas a partir da meia-noite de hoje", declarou o presidente em Loja, onde se reuniu com o colega do Peru, Pedro Castillo, para impulsionar o desenvolvimento da fronteira comum. Lasso acrescentou que, no âmbito do estado de exceção, ordenou a mobilização de 4.000 polícias e 5.000 militares para aquelas províncias.
Na cidade de Durán, vizinha do porto de Guayaquil, centro comercial do país e capital de Guayas, foram descobertos em fevereiro dois cadáveres suspensos em uma ponte de pedestres ao estilo dos crimes dos cartéis mexicanos.
De mãos dadas com o narcotráfico, a criminalidade cresceu, deixando 1.255 mortos nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados oficiais. Cerca de 440 crimes ocorreram em Guayaquil e Durán. Desde fevereiro de 2021, vários massacres também foram desencadeados no Equador entre prisioneiros integrantes de gangues ligadas ao tráfico de drogas, com 350 mortes.
Violência que revolta
"As ruas sentirão o peso de nossa força pública", disse Lasso, um ex-banqueiro conservador que está no poder há 11 meses e declarou guerra ao narcotráfico. Ele acrescentou que o contingente de 9.000 soldados será mobilizado nas províncias de Esmeraldas, Manabí e Guayas para "impor a paz e a ordem", e que estará "a serviço e proteção da família equatoriana".
O presidente, que, em 2021, decretou estado de exceção para o sistema carcerário diante dos confrontos entre detentos, disse estar indignado "com a violência que alguns bandidos pretendem gerar em nossas cidades". "Nossa sociedade não será submetida, nossa paz jamais será sacrificada diante dos negócios sujos de ninguém. O bem nunca cederá ao mal", acrescentou.
Com um tom enfático, Lasso afirmou: "Levaremos o combate contra os criminosos até o território onde eles e suas mercadorias sujas tentam se esconder. Por isso, ordenei a execução de uma ampla operação coordenada entre a Polícia e as Forças Armadas."
O presidente ordenou em março a criação do Ministério do Interior, para enfrentar o aumento do tráfico de drogas e o recrudescimento da violência. "Nunca antes foi tão necessário estarmos unidos #PorUnEcuadorSeguro. Os esforços para alcançar o grande objetivo de garantir viver em paz NÃO cessarão", tuitou o encarregado do Interior, Patrio Carrillo.
Operações iniciadas
Pouco antes de ser decretado o estado de exceção, cerca de 600 militares realizaram hoje uma operação contra a criminalidade em bairros de Guayaquil. O controle dos agentes se estendeu a Durán, onde o microtráfico, segundo autoridades, movimenta até 1,8 milhão de dólares por mês.
No último fim de semana, dois veículos explodiram sem deixar vítimas nos arredores de um grande centro penitenciário de Guayaquil onde, desde fevereiro de 2021, 232 dos 350 presos morreram em confrontos pelo poder entre organizações do narcotráfico.
Fazendo fronteira com a Colômbia e o Peru, maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador serve como porto de partida de carregamentos ilegais para os Estados Unidos e a Europa. Em 2021, o país apreendeu um recorde anual de 210 toneladas de drogas, principalmente cocaína. Em 2022, os confiscos já somam cerca de 75 toneladas.
AFP e Correio do Povo
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