A conta de luz continuará sem cobrança extra em maio, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta semana. A agência manteve acionada a bandeira tarifária verde, que não acrescenta custos à conta de luz com base no consumo de energia no mês.
Até 15 de abril, os consumidores vinham pagando um adicional de R$ 14,20 por 100 quilowatt-hora (KWh) consumidos no mês, porque estava em vigor a bandeira de escassez hídrica. A única exceção eram as famílias inscritas na Tarifa Social de energia elétrica, que já estavam isentas de cobranças adicionais desde dezembro.
No início de abril, o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério de Minas e Energia haviam anunciado que o fim do acionamento da bandeira de escassez hídrica seria antecipado para 16 de abril.
De acordo com a Aneel e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a bandeira verde deve permanecer acionada para todos os consumidores até o final de 2022. A depender do custo para a produção de energia, o adicional pode voltar a partir do ano que vem. A avaliação é do diretor-presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.
No entanto, especialistas dizem que, sem a sobretaxa, o alívio na conta de luz será menor que o prometido por Bolsonaro e não deve durar muito. Em coletiva de imprensa virtual, Ciocchi disse que não há expectativa de acionar as usinas termelétricas fora da ordem do mérito até o fim de 2022.
Segundo ele, serão despachados quatro mil megawatts de térmicas que são inflexíveis e despachadas na base (ou seja, dentro da ordem de mérito). Na média do ano, serão entre 5 mil e 6 mil megawatts de térmicas.
Ano passado, foram 20 mil megawatts de térmicas em alguns momentos, lembrou ele.
“Estamos no melhor nível de reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste desde 2012. No Norte e Nordeste, os níveis estão quase em 100%. No Sul, as usinas estão se recuperando. A expectativa é não ter bandeira até o fim do ano. Só vamos ter o despacho dentro da ordem do mérito. Alguma coisa vamos precisar só em setembro e outubro e, mesmo assim, dentro da ordem só mérito”, disse Ciocchi.
Segundo ele, será poupada água em alguns reservatórios ao longo do ano nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste por conta da entrada em operação das térmicas a partir de maio deste ano com o leilão emergencial que foi feito ano passado. “Vamos respeitar os contratos que são de três anos. E conseguindo reter água nos reservatórios vamos dar maior resistência ao setor elétrico”.
Maior consumo
O consumo nacional de energia elétrica em março foi o maior dos últimos 19 anos, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O valor chegou a 44.101 gigawatts-hora (GWh), recorde da série histórica iniciada em 2004.
Segundo a EPE, o avanço de 1,6% em relação a março do ano passado foi puxado pelo consumo do comércio e das residências, bem como da região Sul. Já o consumo por parte da indústria caiu 3% em relação a 2021.
Escassez hídrica
A bandeira de escassez hídrica é a mais cara do sistema e foi criada em setembro do ano passado para fazer frente aos custos adicionais para a produção de energia gerados pela crise hídrica.
Para compensar a queda na produção das usinas hidrelétricas, o governo teve que acionar usinas térmicas, mais caras e poluentes.
Porém, no início de abril o governo afirmou que o nível de chuvas nos últimos meses e a adoção de medidas emergenciais contribuíram para reduzir a contratação das termelétricas, o que permitiu acionar a bandeira verde antes do previsto.
O Sul
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