Pesquisadores da Universidade Católica de Louvain (UCLouvain), na Bélgica, identificaram um método capaz de bloquear a entrada do novo coronavírus nas células e, assim, evitar o desenvolvimento da covid-19. A descoberta, publicada na revista Nature Communications, do mesmo grupo da prestigiosa revista Nature, abre caminho para a criação de um medicamento antiviral que pode eliminar o vírus em caso de infecção ou contato de alto risco.
Na busca para entender como o coronavírus invade as células, a equipe investigou a interação entre os ácidos siálicos, um tipo de resíduo de açúcar presente na superfície das células, e a proteína spike (usada pelo coronavírus para invadir as células e principal alvo das vacinas) do Sars-CoV-2 (vírus causador da covid-19). Esses ácidos siálicos facilitam para os vírus a identificação de seus alvos, a fixação na célula e a infecção.
Eles identificaram uma variante desses ácidos siálicos que interage mais fortemente com a proteína spike do vírus. “Em suma, os cientistas encontraram a chave que o vírus usa para abrir a porta das células”, divulgou a universidade, em comunicado.
Os pesquisadores então conseguiram bloquear esses pontos de fixação da proteína spike com uma molécula e impediram que o coronavírus invadisse a célula. Sem conseguir entrar na célula, o coronavírus morre em um período de uma a cinco horas.
Agora, a equipe de pesquisa começará os testes em camundongos para ver se esse bloqueador funciona no organismo, na prática. Se o resultado for positivo, isso possibilitará o desenvolvimento de um antiviral contra todas as variantes do Sars-CoV-2, e o início de testes em humanos.
“É uma coisa totalmente nova, mas ainda tem a limitação de ser uma descoberta muito inicial. Para comprovar o efeito em humanos serão anos. E, se for comprovado, será um achado espetacular, divisor de águas na ciência”, avaliou o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em Curitiba.
Nova linhagem
Um laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais detectou a circulação de nova linhagem da variante ômicron em Minas que ainda não havia sido encontrada no Brasil.
Segundo o professor Flávio da Fonseca, pesquisador do CTVacinas, trata-se da BA.2.12.1, predominante nos Estados Unidos. Esta nova linhagem tem características comuns à variante ômicron, mas é mais infecciosa.
“Essa linhagem se dissemina mais, com maior rapidez, que as outras da ômicron presentes no país. Daí a nossa preocupação com a descoberta”, disse Flávio.
O professor explicou que é a primeira vez que essa linhagem é detectada no Brasil, mas não há como afirmar que é a primeira vez que ela entrou no País, “porque pode ser que ela já tivesse circulando, mas só foi detectada agora”.
O Sul
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