terça-feira, 17 de maio de 2022

Bolsonaro critica Petrobras e diz que “é obrigado a mexer as peças do tabuleiro” da estatal

 


O presidente Jair Bolsonaro criticou novamente nesta segunda-feira (16) a condução da Petrobras e disse que é “obrigado a mexer peças no tabuleiro”, em alusão às trocas de comando da estatal e do Ministério de Minas e Energia. O discurso foi feito a uma plateia de empresários e executivos do varejo durante a abertura da Apas Show,

Mais cedo, em conversa com apoiadores ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que “tem mais coisa para acontecer na questão da Petrobras” e que está “sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativas”, sem dar detalhes sobre as possíveis ações.

“Todos têm que ter consciência, apertar o cinto, salvar o Brasil. Como as petrolíferas no mundo todo tiveram, reduziram suas margens de lucro. Exceto a Petrobras Futebol Clube, que quer ser a campeã do mundo. (…) Nada contra empresa ter lucro, tem que ter, se não não existe mercado livre, não existe democracia, sepulta o capitalismo e o outro lado a gente sabe que não dá certo”, disse o presidente em referência à política de preços da Petrobras, que, como estatal, faz parte do governo federal.

“E daí a gente é obrigado a mexer as peças do tabuleiro. Dói mandar alguém embora ou quando alguém pede para ir embora, dói. Não é fácil, mas as coisas acontecem e nós temos que mudar. Pior do que uma decisão mal tomada é uma indecisão, prosseguiu Bolsonaro.

As declarações ocorrem em meio à troca de comando do Ministério de Minas e Energia e a sinalizações de Bolsonaro de que pode trocar novamente a presidência da Petrobras. No último dia 11, Bolsonaro exonerou o então ministro, o almirante Bento Albuquerque, e nomeou o economista Adolfo Sachsida para o cargo.

Sachsida, o novo ministro, é conhecido por seu viés liberal-conservador e é próximo do ministro Paulo Guedes e de Bolsonaro desde antes da eleição presidencial de 2018. Neste governo, Sachsida foi secretário de Política Econômica e chefe da Assessoria Especial de Assuntos Econômicos de Guedes.

José Mauro Ferreira Coelho, atual presidente da estatal, assumiu o cargo há um mês no lugar do almirante Joaquim Silva e Luna. Após ser demitido, Silva e Luna afirmou em entrevistas que o presidente Bolsonaro tentou intervir na gestão da Petrobras para mudar a política de preços praticada pela estatal.

No último domingo, ao ser questionado sobre a permanência de Ferreira Coelho na estatal, Bolsonaro disse a jornalistas que deveriam fazer a pergunta a Sachsida e que tinha dado “carta branca” ao economista “para fazer valer aquilo que eles acham melhor para o seu ministério para melhor atender a população”.

Em seu discurso em São Paulo, Bolsonaro também voltou a tentar atribuir aos Estados a responsabilidade pela inflação dos combustíveis, o que contradiz os fatos. Os preços de combustível no Brasil são influenciados diretamente pela cotação internacional do barril de petróleo.

A política de preços da Petrobras é a de seguir os preços internacionais da commodity, que têm tido alta voltatililidade em meio ao cenário de guerra na Ucrânia. As alíquotas do imposto estadual ICMS que incidem sobre os combustíveis, por outro lado, têm se mantido as mesmas.

Em um discuso inflamado e sem mencionar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro voltou a insinuar que uma eventual vitória do petista “transformaria o Brasil em um regime comunista”.

O presidente pediu por diversas vezes que empresários “conversem com as pessoas mais humildes” para apoiar a retórica bolsonarista.

O Sul

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