terça-feira, 26 de abril de 2022

Rússia alerta para risco "real" de uma Terceira Guerra Mundial pela Ucrânia

 Ucranianos têm recebido mais apoio bélico de grandes nações


A Rússia alertou nesta segunda-feira para o risco "real" de uma Terceira Guerra Mundial, depois que autoridades do alto escalão dos Estados Unidos visitaram a Ucrânia e garantiram que é possível ganhar o conflito com o "equipamento adequado". Diante das sanções sem precedentes contra Moscou impostas pelos países ocidentais e o crescente apoio militar à Ucrânia, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, alertou que "o perigo (de uma guerra mundial) é grave, é real, não pode ser subestimado". O dia foi marcado por denúncias dos russos de ataques em suas fronteiras

Lavrov também acusou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, de "fingir" negociar. "É um bom ator, mas se olhar com atenção e ler com cuidado o que ele diz, serão encontradas milhares de contradições", indicou. "A boa vontade tem limites, mas se não for recíproca, não contribui para o processo de negociações. Mas seguimos mantendo negociações com a equipe enviada por Zelensky", continuou Lavrov.

Desde o início da guerra, há mais de dois meses, Zelensky pede incessantemente aos aliados ocidentais o envio de armamento mais pesado para fazer frente à teórica superioridade militar da Rússia. E os pedidos parecem fazer efeito. Vários países da Otan se comprometeram nos últimos dias a proporcionar armas pesadas e equipamentos para a Ucrânia, apesar dos protestos de Moscou.

Este apoio crescente ficou evidente com a visita no domingo a Kiev de dois funcionários do alto escalão americano, o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, e o secretário de Estado, Antony Blinken, que se reuniram durante três horas com Zelensky. "O primeiro passo para vencer é acreditar que você pode vencer. E eles acreditam que podem vencer", declarou Austin a um grupo de jornalistas depois da reunião. "Podem vencer se tiverem o equipamento certo, o apoio adequado", completou.

Em um discurso mais cedo, o presidente Zelensky afirmou que a vitória ucraniana era questão de tempo e que, "graças à coragem" do povo, a Ucrânia "é um verdadeiro símbolo da luta pela liberdade". Durante a visita, Austin e Blinken anunciaram o envio de 700 milhões de dólares em ajuda militar adicional, elevando o total do aporte americano dos Estados Unidos para 3,4 bilhões.

"Queremos ver a Rússia enfraquecida ao ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia", afirmou Austin após voltar nesta segunda-feira à Polônia. Somando-se a este apoio, o Reino Unido enviará uma "pequena quantidade" de lançadores de foguetes blindados antiaéreos Stormer, disse o ministro da Defesa. Os Estados Unidos aproveitaram o encontro com Zelensky para anunciar a reabertura progressiva da embaixada americana em Kiev e a nomeação da atual embaixadora na Eslováquia, Bridget Brink, como chefe dessa missão, um posto vago desde 2019.

No campo de batalha, concentrado agora no leste e sul da Ucrânia, os combates prosseguiam provocando danos na Ucrânia, o que ofuscou as celebrações da Páscoa neste país de maioria ortodoxa. Pelo menos cinco pessoas morreram e 18 ficaram feridas pelo bombardeio russo de instalações ferroviárias nas cidades de Khmerynka e Koziatyn (região de Vinnytsia, centro-oeste), segundo a Promotoria local. Por sua vez, o governador da região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, acusou Kiev de bombardear uma vila, ferir dois civis e danificar duas casas.

A Rússia acusou repetidamente a Ucrânia de atacar seu território, especificamente duas aldeias em Belgorod e uma aldeia na região de Briansk. As autoridades russas também relataram um incêndio de origem indeterminada em um depósito de combustível em Bryansk, que serve como base logística para suas forças, e o abate de dois drones na região de Kursk, também na fronteira com a Ucrânia.


AFP e Correio do Povo

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