sexta-feira, 8 de abril de 2022

Previsão da safra 2022 tem queda de 37% e recua para 23,7 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, aponta IBGE

 


Em março, a produção gaúcha de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2022 deve totalizar 23,7 milhões de toneladas, 37% abaixo (-14 milhões de toneladas) da obtida em 2021 (37,7 milhões de toneladas) e 15,9% (-4,5 milhões de toneladas) menor que a estimada em fevereiro (28,2 milhões de toneladas). As informações são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (7).

No Brasil, em março, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar o recorde de 258,9 milhões de toneladas, 2,3% acima (5,7 milhões de toneladas) da obtida em 2021 (253,2 milhões de toneladas) e com declínio de 1,0% (-2,7 milhões de toneladas) em relação ao estimado em fevereiro (261,6 milhões de toneladas). Com isso, a produção deve superar o recorde alcançado em 2020, quando foram produzidos no país 255,4 milhões de toneladas.

Variação negativa no Estado

A variação negativa em relação à estimativa anterior foi a maior entre as 27 unidades da federação em março. Com isso, o Rio Grande do Sul passa à posição de terceira para quarta maior participação na produção nacional, representando 9,2% do total.

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) aponta que a área a ser colhida é de 9,6 milhões de hectares, 0,7% maior (64,1 mil hectares) que a área colhida em 2021 e 0,8% menor (-72,5 mil hectares) do que o previsto em fevereiro.

O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos deste grupo, somados, representam 84,0% da estimativa da produção e respondem por 83,4% da área a ser colhida. Frente a 2021, houve acréscimos de 2,8% na área da soja; já na do arroz houve declínio de 1,1% e na do milho queda de 0,1%.

Espera-se que a produção de soja totalize 9,5 milhões de toneladas, uma redução de 53,5% na comparação com 2021. Já a estimativa da produção de milho foi de 3,0 milhões de toneladas (declínio de 31,1% em relação à safra anterior) e a de arroz chegou a 7,4 milhões de toneladas (queda de 10,6% frente ao produzido no ano passado).

Destaques da estimativa de março de 2022 em relação à de fevereiro

Em março, são esperados declínios na produção de soja (-27,5% ou -3,6 milhões de toneladas), milho (-21,6% ou -831,4 mil toneladas), uva (-17,5% ou -154,6 mil toneladas), feijão 1ª safra (-11,2% ou -5,4 mil toneladas) e arroz (-0,7% ou -53,4 mil toneladas). Já na estimativa de produção de feijão 2ª safra houve variação positiva em relação a fevereiro (5,0% ou 1,9 mil toneladas).

Soja

Diferentemente do ano de 2021, quando a estiagem não teve grandes efeitos na soja, na safra atual o grão tem sido fortemente afetado pela escassez hídrica e apresenta redução drástica: a produção estimada em março é de 9,5 milhões de toneladas, 27,5% abaixo da previsão anterior e 53,5% abaixo da safra passada, com queda de 54,8% no rendimento (1.512 kg/ha) em relação a 2021. Apesar da estiagem, a soja segue batendo recordes de área plantada no estado: para 2022 foram plantados 6,4 milhões de hectares, superando em 4,5% a área da safra anterior.

Arroz (em casca)

A estimativa para a produção de arroz foi de 7,4 milhões de toneladas, declínio de 0,7% em relação ao mês anterior e de 10,6% em relação à safra 2021. A estiagem prolongada prejudicou até mesmo as culturas com predominância de uso de irrigação, como é o caso do arroz: houve racionamento do uso de água para irrigação e redução acima do esperado nos níveis dos reservatórios. A área plantada em 2022 teve aumento de 1,6% se comparada à safra anterior, ficando em 964,8 mil hectares. O rendimento médio é estimado em 7.899 kg/ha, 9,6% inferior ao da safra 2021.

Feijão (1ª safra)

Esta lavoura foi bem afetada pela estiagem, fazendo inclusive com que houvesse redução na área efetivamente implementada, frente ao que era previsto no início da safra. Para o feijão 1ª safra, a estimativa de março é de 42,6 mil toneladas, uma redução de 11,2% em relação à estimativa anterior e de 21,5% em relação à safra 2021. Já a área
cultivada esperada para 2022 é de 32,1 mil hectares, um declínio de 12,1% em relação à safra anterior. A estimativa de rendimento médio na 1ª safra é de 1.334 kg/ha, 11,3% menor que a de 2021.

A frustração com a 1ª safra está fazendo com que o produtor opte por produzir o feijão de 2ª safra, para a qual se estima uma produção de 39,7 mil toneladas, o que representa aumento de 5,0% em comparação com a estimativa de fevereiro e de 12,2% frente à produção da safra anterior. Espera-se um aumento de 10,4% de área
frente a 2021, e um rendimento médio de 1.473 kg/ha, 1,1% maior que o obtido na safra 2021.

Milho

A estimativa de produção se encontra 21,6% abaixo da estimativa anterior e 31,1% menor que a produção de 2021, ficando em 3,0 milhões de toneladas. A área plantada está estimada em 786,1 mil hectares, 0,8% maior que a safra 2021. A estimativa inicial era maior, porém parte do milho plantado para grão acabou sendo colhido como silagem, para evitar maiores perdas. A falta de chuvas afetou de forma significativa as lavouras, reduzindo ainda mais a expectativa de produção. A estimativa de rendimento para a safra atual está em 3.900 kg/ha, 31,1% menor que a safra anterior, que já foi uma safra de quebra.

Uva 

A estimativa da produção foi de 728,3 mil toneladas, decréscimo de 17,5% em relação ao mês anterior e de 23,4% em relação a 2021. A estiagem causou efeitos diretos nesta safra, como também poderá influenciar a próxima, afetando o
desenvolvimento fisiológico, pois dificulta a manutenção das folhas e acelera a dormência das plantas, levando ao menor acúmulo de foto-assimilados. Apesar da queda, o Rio Grande do Sul segue sendo o maior produtor de uvas do País, com 49,3% do total.

O Sul

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