O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, em encontro com secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta terça-feira (26) que ainda tem esperança de negociar com a Ucrânia.
Em reunião, que teve trechos transmitidos pela televisão russa, Putin disse ter intenções de encerrar o conflito por vias diplomáticas e negou acusações contra seu exército por supostos massacres.
“Apesar de que a operação militar [como a Rússia chama a guerra na Ucrânia] esteja se desenvolvendo, continuamos com esperanças na capacidade de alcançar acordos pela via diplomática”, disse Putin.
Os líderes ficaram separados por uma grande mesa, usada pelo Kremlin para reforçar o distanciamento contra a covid em vários encontros durante a pandemia.
Massacre em Bucha
Putin afirmou que as negociações diplomáticas saíram do curso por conta das as acusações do massacre em Bucha.
“Houve uma provocação em Bucha, na qual o exército russo não teve nada a ver”, disse Putin. “Sabemos quem organizou esta provocação, através de quais meios e quais foram as pessoas que a realizaram”.
O líder russo não apresentou acusação formal contra nenhum grupo que estaria ligado às mortes de civis, descobertas após o fim da ocupação russa na região.
Guterres reiterou seu apelo a favor da abertura de corredores humanitários para evacuar os civis ucranianos de áreas de combate, feito pouco antes perante o chanceler russo, Serguei Lavrov.
Mariupol
Durante a reunião, Putin disse que a situação em Mariupol, cidade no sul da Ucrânia que a Rússia alega ter conquistado, é “difícil, talvez trágica”.
O impasse na cidade portuária, a mais atacada desde o início da guerra, era um dos principais temas na agenda do encontro.
As tropas russas seguem cercando o complexo de Azovstal, uma das maiores siderúrgicas da Europa onde milhares de soldados e civis ainda resistem à ocupação.
A agência estatal russa TASS reportou que Putin teria dito a Guterres que mais de 1300 soldados na cidade teriam se rendido.
O líder russo ainda disse que civis estão sendo proibidos pelas forças ucranianas de deixar o complexo siderúrgico de Azovstal.
Desde a semana passada, Kiev e Moscou tentam sem sucesso um acordo para a retirada pacífica dos soldados e civis.
Negociações seguem
Putin teria falado a Guterres que as negociações de paz entre os dois países seguem acontecendo de forma online, segundo reportagem da agência Reuters.
O líder russo também havia dito que os corredores humanitários estariam funcionando normalmente para civis que quisessem deixar as cidades rumo à Rússia e também rumo à Ucrânia.
Encontro com Lavrov
Mais cedo, Guterres se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, a quem pediu um cessar-fogo imediato e uma investigação independente sobre possíveis crimes de guerra cometidos por tropas russas.
Esta é a primeira vez que o secretário-geral da ONU vai à Rússia desde o início da guerra da Ucrânia, que já dura mais de dois meses. A visita acontece em meio à escalada de tensões após o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ter afirmado na última segunda (25) ver um risco real de uma Terceira Guerra Mundial.
A agenda de Guterres em Moscou começou justamente com uma reunião com Lavrov, a quem pediu um cessar-fogo o quanto antes. Após o encontro, Guterres disse que propôs um corredor humanitário e se mostrou preocupado com indícios de crimes de guerra cometidos por tropas russas na Ucrânia. O secretário-geral afirmou que sua prioridade é “salvar vidas e minimizar o sofrimento humano”.
“O quanto antes pudermos fazer isso, melhor, para a Ucrânia, para a Rússia e para o mundo. Até agora, isso não pode ser possível”, declarou o secretário-geral após o encontro. “Estamos extremamente interessados em encontrar caminhos para criar condições para o diálogo efetivo, para um cessar-fogo o quanto antes, para uma solução pacífica”.
O Sul
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