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quinta-feira, 28 de abril de 2022

Bolsonaro defende contagem paralela de votos pelas Forças Armadas nas eleições

 


Em cerimônia no Palácio do Planalto em defesa do que chamou de “liberdade de expressão”, o presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quarta-feira (27) uma contagem paralela de votos, controlada pelas Forças Armadas. Diante de uma plateia na qual estava o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão e recebeu o perdão presidencial, Bolsonaro levantou novas suspeitas sobre as urnas eletrônicas.

“Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições, mas nas nove sugestões (das Forças Armadas) existe essa maneira para a gente confiar nas eleições. Como os dados vêm pela internet para cá e tem um cabo que alimenta a sala secreta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), uma das sugestões é que nesse mesmo duto que alimenta a sala secreta seja feita uma ramificação um pouquinho à direita para que tenhamos do lado um computador das Forças Armadas, para contar os votos no Brasil”, afirmou Bolsonaro. “Dá para acreditar nisso, uma sala secreta onde meia dúzia de técnicos diz ‘Olha, quem ganhou foi esse’?”.

No Salão Nobre do Planalto, Daniel Silveira exibiu um quadro com o decreto do perdão concedido por Bolsonaro, emoldurado em verde-amarelo. Foi um presente do colega Coronel Tadeu (PL-SP). Organizado pelas bancadas evangélica e de segurança pública, o “ato cívico”, como foi batizado, transformou aquele espaço do Planalto em palco de ataques ao Supremo e à imprensa.

Questionado por jornalistas se sairia candidato neste ano, Silveira mais uma vez desafiou o STF: “Pela lei, nada me impede”. Nesta terça-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes – relator do processo contra Silveira – disse que o deputado continua inelegível, apesar do indulto presidencial.

“Vai prender o filho do presidente por fake news?”, diz Bolsonaro sobre Carlos

Bolsonaro disse ter sido informado de que seu filho Carlos, vereador no Rio pelo Republicanos, poderia ser preso no inquérito das fake news, nas mãos de Moraes. “O cerceamento da liberdade de expressão, o cerceamento das mídias sociais, não atinge apenas a mim. Quem foi meu marqueteiro? Foi o Carlos Bolsonaro. (…) Por várias vezes chegou para mim informes de ameaça de prisão por fake news”, afirmou ele.

Sem esconder a contrariedade, Bolsonaro elevou o tom. “Vai prender o filho do presidente por fake news? É grave? É, como é grave prender qualquer um, brasileiro. Mais grave ainda é prender um parlamentar, que tem a liberdade para defender o que bem entender e usar da palavra como bem lhe aprouver também. Isso é liberdade”, disse o chefe do Executivo, aplaudido pela plateia.

A cerimônia no Planalto durou quase duas horas. Vinte e dois deputados e um senador discursaram. “Não pensem que uma possível suspeição de uma eleição vai ser apenas no voto para presidente, vai entrar para o Senado, a Câmara, se tiver, obviamente, algo de anormal”, insistiu Bolsonaro.

O presidente disse que “os melhores quadros das Forças Armadas” participam da comissão de transparência eleitoral e contestou os convites feitos pelo TSE a observadores internacionais, para que eles acompanhem as eleições no Brasil.

“Nós não seremos moldura, não iremos para lá para bater palmas, o pessoal quer dar ar de legalidade convidando observadores internacionais. Imagine chegar aqui americano, sueco… Vai fazer o quê? Vai ficar observando o cara apertar um botão, com que segurança ele pode dizer que aconteceu aquelas eleições?”

O Sul

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