domingo, 6 de março de 2022

União Soviética e terceira guerra mundial

 Jurandir Soares

O presidente da Rússia Vladimir Putin teve a coragem de dizer que aquilo que o seu país está fazendo na Ucrânia não é uma guerra, mas, uma operação especial. Senão vejamos: invadir um país soberano, bombardear suas instalações militares e governamentais, assim como prédios residenciais, matando pessoas e provocando o maior êxodo de europeus dos últimos anos, não se constitui numa guerra? Só na visão desse autocrata sanguinário que não é. Na mesma ocasião em que fez essa declaração, Putin também disse que seu objetivo é tornar a Ucrânia desmilitarizada e impedir seu ingresso na Otan. Metas que poderiam ter sido alcançadas pelas múltiplas negociações que foram desenvolvidas, com as idas a Moscou do presidente francês Emmanuel Macron e do chanceler alemão Olaf Scholz, além de outros negociadores. E ainda com os esforços desenvolvidos por Macron no domingo, 20 de fevereiro, quando ligou para Putin, para Scholtz, para o britânico Boris Johnson e para o americano Joe Biden. Chegou a acertar um novo encontro de Putin e Biden. No entanto, o que se viu foi no dia imediato Putin declarar independentes duas repúblicas ucranianas e dois dias depois invadir a Ucrânia.


Putin quer resgatar para Moscou a força dos tempos da União Soviética. Já fez isto com a Georgia, em condições muito semelhantes ao que ocorre na Ucrânia, porém com muito menor repercussão. Também sacou fora duas províncias da Georgia, Ossétia do Sul e Abhkázia. Quanto à Moldova, foi sacada a província da Transnistria. Dificilmente a Ucrânia deixará de ser dominada por ele, com a colocação ali de um governo fantoche. A questão fundamental é se ele irá parar por aí, com a sua retomada de uma União das Repúblicas Socialistas Soviéticas sob o domínio de Moscou, ou irá tentar ir mais adiante, rumo ao Ocidente. Daí a situação se agrava. E muito. 


Com relação à Ucrânia, os países da Europa Ocidental e Estados Unidos não irão intervir militarmente. Vão se limitar ao envio de armamentos, conforme está sendo feito. Porém, se Putin tentar retomar algum país que fazia parte da União Soviética e hoje passou para a Otan, como as repúblicas bálticas Estônia, Letônia e Lituânia, por exemplo, aí a situação é muito diferente. Seria um ataque a um país membro da Otan e a organização, com base no artigo 5º de seu estatuto, seria obrigada a sair em defesa do mesmo. Teríamos então uma guerra de Estados Unidos e seus parceiros europeus contra a Rússia, o que poderia ter proporções catastróficas. Vale lembrar que Putin não só já acenou com uso de armas nucleares, como tem realizado exercícios de lançamento das mesmas, tanto de submarinos quanto de mísseis terrestres. O que seria então a chamada Terceira Guerra Mundial.
O que dá esperança de que isto não venha a acontecer é o fato de que a Rússia estaria só, pois não se vê perspectiva de outro país com representação que esteja disposto a lutar a seu lado. Nem mesmo a China, que, aliás, tem saído de sua neutralidade e tem condenado a atual ação da Rússia. Mas, enfim, Putin está demonstrando que dele tudo se pode esperar. 

Correio do Povo

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