sexta-feira, 11 de março de 2022

UCRÂNIA 2022, CHECOSLOVÁQUIA, 1938, QUE SEJAM APENAS COINCIDÊNCIAS... - 10.03.22

 Por Leandro Cezimbra  - Mestrando em Direito das Relações internacionais e integração latino americana, professor universitário e diretor da ACI N


 


 


No curso de História, que me penitencio até hoje não o ter concluído, meus professores repetiam uma frase, quase um mantra, atribuído, a Edmund Burke: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la.”  Considerando o mundo em que vivemos, nada poderia ser mais atual, afinal, no início do século XX, a humanidade passou por algumas situações que se repetem nestes anos iniciais do século XXI, basta que analisemos as Pandemias de Gripe Espanhola, em 1918 e a Pandemia da Covid-19, em 2020, isto sem contar a invasão russa da Ucrânia.



Em 1938, quando a Alemanha nazista anexou os Sudetos, região pertencente à então Checoslováquia, sob a justificativa de que nessas regiões os cidadãos alemães residentes sofriam com o julgo dos checos, o mundo assistiu uma tomada rápida do território checo e a justificativa era de evitar um massacre dos germânicos que habitavam a região dos Sudetos.



Na ocasião, o então Primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, no afã de evitar uma guerra, firmou um acordo com o Chanceler alemão, onde se permitiria a anexação da região, sem que houvesse uma reação das potências europeias (Reino Unido e França), e ambos os líderes se comprometiam com a paz, mas tudo não passou de assinaturas num pedaço de papel. Alguns afirmam que Hitler zombava de dito documento.



É bem verdade que o mundo havia saído de uma Guerra Mundial e as feridas do conflito eram sentidas por todos, de modo que a intenção de Chamberlain era nobre, porém, se mostrou ineficaz ao longo do tempo.



Hoje, nos deparamos com uma situação muito semelhante. A Rússia invade a Ucrânia, com a justificativa de proteger seus compatriotas na região de Donbas, exatamente o mesmo motivo empregado pelos nazistas em 1938, identicamente empregado pelos mesmos russos na Geórgia e na Criméia em 2008.



Entretanto, as razões vão além da questão humanitária, as imagens de russos investindo contra o povo ucraniano desarmado são prova de que a humanidade foi esquecida há muito. O receio russo de ver a Ucrânia na OTAN é uma das razões, mas não o único. Ao que parece, a expansão russa não pararia por aí, assim como a nazista de 1939, pois o presidente russo coleciona ameaças todos os dias, começou com a própria Ucrânia, que ele acreditava conquistar rapidamente, passando a advertir Suécia e Finlândia de que se ingressarem na OTAN, serão os próximos alvos da ira russa.



Não apenas a forma como os russos investiram contra a Ucrânia assusta, mas as já referidas ameaças, não só à Suécia e à Finlândia trazem enorme instabilidade mundial. Ainda a considerar a afirmação do líder russo, de que quem praticar atos de restrição econômica ou do espaço aéreo em face da Rússia será duramente castigado o que causa um verdadeiro terror e assombro.



A comunidade internacional está em alerta. Todos corremos perigo, assim como em 1938, estamos diante de um conflito que poderá ganhar escala mundial. Até o momento, medidas econômicas foram tomadas, como a exclusão dos bancos russos do sistema Swift, mas bastará para frear a guerra?



Temos muitos Chamberlains atualmente e eles conseguirão fazer parar o conflito fazendo a Rússia retroceder? Nos anos 30, nenhuma restrição foi tomada, todos assistiram Hitler tomar países um a um, até que estivesse dentro do quintal das potências da época.



É bem verdade que não vivíamos num mundo tão globalizado como hoje, onde a informação circula com uma velocidade invejável, mas nada impede que o conflito recrudesça.



O que se estima é que essa guerra acabe logo e que todas as tautocronias entre a invasão dos Sudetos checos e da Ucrânia não passem de meras coincidências.


Pontocritico.com

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