Sinal reforçou o início da greve da categoria para sexta-feira e disse que o movimento pode ser mais severo
O Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal) reforçou o início da greve da categoria para sexta-feira, 1º de abril, e disse que o movimento pode ser mais severo, caso o governo publique uma medida provisória com o reajuste dos policiais federais e deixe de fora os servidores do BC.
Segundo o Sinal, uma greve mais forte poderia interromper, total ou parcialmente, o Pix, a distribuição de cédulas e moedas, as operações de mercado aberto, a divulgação do Boletim Focus (com projeções de economistas) e de "diversas taxas" e o funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Os servidores do órgão querem aumento de 26,6%. A remuneração anual de um analista do BC é de R$ 341,1 mil ou R$ 26,2 mil mensais. "Há um alto risco de ser publicada, até 2/4/2022, a Medida Provisória com o reajuste dos Policiais Federais. Se os Técnicos e Analistas do BC não estiverem nessa Medida Provisória, a greve será ainda mais forte e poderá interromper, total ou parcialmente, o Pix, a distribuição de moedas e cédulas, a divulgação do boletim Focus e de diversas Taxas, o funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a mesa de operações do Demab e outras atividades", disse o presidente do Sinal, Fábio Faiad, em nota.
Conforme mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na terça-feira, a MP com o reajuste dos policiais não deve ser editada até 2/4, mas uma ala do governo defende a possibilidade de aumento acima da inflação depois desse prazo, até 180 dias antes do fim do mandato presidencial.
Posicionamento de Campos Neto
A reportagem ainda apurou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mudou de posição e passou a defender a reestruturação das carreiras da autoridade monetária dentro do governo.
Na terça, em reunião com os sindicatos que representam os servidores do BC, Campos Neto afirmou que participou de reuniões no Palácio do Planalto na véspera a respeito da reestruturação das carreiras do BC, incluindo o reajuste salarial, contou Faiad.
Segundo ele, Campos Neto disse que vai tentar uma proposta em uma reunião ministerial na semana que vem. "Se vai apresentar uma proposta ou não, vamos ver semana que vem."
Até agora, segundo o presidente do Sinal, não foi marcada outra reunião com Campos Neto ou com algum ministro. "Mas o sindicato reiterou a cobrança da reunião com o Presidente da República para tentar achar uma solução negociada."
Paralisações
Faiad observou que a greve dos servidores do BC será feita respeitando a lei de serviços essenciais, mas destacou que o Pix e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo dessa lei, "portanto podem sofrer paralisações parciais e até totais".
Para a quinta-feira, está prevista uma reunião, provavelmente com a Diretoria de Administração do BC, para definir os serviços essenciais. O Sinal ainda afirmou que as paralisações diárias das 14 horas às 18 horas, que ocorrem desde o dia 17 de março, vão continuar até a quinta. E que os atrasos no Boletim Focus e divulgação de taxas devem continuar.
O movimento já atrasou divulgações como a Pesquisa Focus, o resultado do Questionário Pré-Copom, o fluxo cambial, além da apuração diária da Ptax. Na segunda, 28, também por causa da operação-padrão dos servidores, o BC disse que não divulgará nesta semana as estatísticas econômico-financeiras de fevereiro, como estava previsto. A assessoria da autoridade monetária disse que as datas de publicação serão divulgadas "oportunamente".
Faiad também afirmou que as entregas de funções e cargos comissionados foram "impactantes": 500 comissionados já entregaram suas comissões até o momento. "Esperamos avançar até 700 comissões na próxima semana (de um total de 1000 comissões, sendo 50% gerenciais e 50% de assessoramento)".
Agência Estado e Correio do Povo
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