terça-feira, 15 de março de 2022

Guerra na Europa: para isolar a Rússia, países ricos pressionam emergentes

 


Depois que Vladimir Putin deflagrou a invasão da Ucrânia, há duas semanas, as maiores economias ricas do mundo pressionaram rapidamente a Indonésia, que está na presidência do G20, para convencer a Rússia a voluntariamente não aparecer mais nas reuniões desse grupo central na governança econômica global.

A Indonésia consultou então os outros membros, do G20. E o racha ficou claro: China e outros emergentes como Brasil, Índia, Argentina, Turquia e África do Sul insistiram que não fazia sentido expelir um membro do G20, grupo que trata de cooperação econômica. E que seria mais adequado manter Moscou à mesa, inclusive para discussões sobre efeitos de sua invasão que vão prejudicar o mundo todo.

O G7 – grupos das maiores economias ricas, que inclui EUA, Alemanha, França, Canadá, Reino Unido, Itália e Japão – mantém, porém, a pressão. E quer expulsar ou suspender a Rússia do G20 e de organizações multilaterais, para isolar ainda mais Putin. A exigência continua a esbarrar na resistência dos emergentes. “O G20 não deveria expulsar ninguém, mas deve tratar do conflito”, sugere uma fonte.

A avaliação de emergentes é de que a tentativa de suspender ou excluir a Rússia de organismos multilaterais e do G20 vai contra “princípio fundamental da cooperação”, que consideram necessário para mitigar efeitos das crises atuais (pandemia, economia e Ucrânia, em todos os níveis) e continuar a buscar soluções para questões urgentes como energia, alimentos, clima, saúde.

Ainda segundo fontes, o entendimento de emergentes é que o G20 é o “primeiro fórum para cooperação econômica internacional’’. E que isso é interpretado por eles como: “Não traga temas de paz e segurança para o G20”, deixe isso para o Conselho de Segurança e para a Assembleia Geral das Nações Unidas.

Mas, do lado dos países ricos, a posição é de que Moscou não pode violar o direito internacional e esperar se beneficiar de sua adesão à ordem econômica global. A Rússia foi expulsa do G7 – anteriormente conhecido como G8 – em 2014, em resposta à anexação russa da região ucraniana da Crimeia. E não deveria ter espaço no G20, dizem.

O racha no grupo é qualificado de “grave” por importantes fontes, inclusive para a mitigação de efeitos econômicos do choque da guerra. Ilustra o enfraquecimento da cooperação internacional em meio à guerra deflagrada por Putin contra a Ucrânia.

A determinação do G7 é firme para ampliar o isolamento do presidente Putin, que a revista “The Economist” qualifica de “moralmente morto”. Os líderes das maiores economias ricas se declararam “unidos em nossa determinação de responsabilizar o presidente Putin e seu regime por essa guerra injustificada e não provocada que já isolou a Rússia no mundo”.

Lembraram que, desde que Putin lançou a invasão contra a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, esses países impuseram medidas restritivas expansivas “que
comprometeram gravemente a economia e o sistema financeiro da Rússia, como evidenciado pelas fortes reações do mercado”.

O G7 diz que pretende reduzir a dependência em relação à energia russa, garantindo ao mesmo tempo fazer isso de forma ordenada e de modo a dar tempo para que o mundo garanta suprimentos alternativos e sustentáveis.

Os aliados ocidentais dizem estar decididos a isolar ainda mais a Rússia de suas economias e do sistema financeiro internacional. E se comprometem a tomar novas medidas, mais sanções, o mais rápido possível.

Também vão impedir que a Rússia obtenha financiamento das principais instituições financeiras multilaterais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento.

O Sul


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