De olho em um possível desabastecimento de combustíveis, as grandes distribuidoras – Ipiranga, Raízen e Vibra – já trabalham com um plano emergencial. A Ipiranga saiu na frente, ao comunicar a seus clientes a adoção de um sistema de controle de fornecimento de óleo diesel. A grande preocupação das distribuidoras é honrar os contratos firmados com postos e empresas.
Entre as prioridades de abastecimento estão, portanto, os postos que sustentam suas marcas. Além deles, há também alguns grandes consumidores que compram diretamente das distribuidoras, sem passar pelo segmento revendedor.
A maior vulnerabilidade no mercado hoje é com o óleo diesel, porque, entre os combustíveis automotivos, ele é o mais importado. Por isso a definição da Ipiranga de pedir um prazo para analisar os pedidos de entrega do produto para o mesmo dia e também antecipações, como informado aos clientes no comunicado.
Os mais expostos à crise são os postos de “bandeira branca”, que compram de qualquer fornecedor, sem ter contrato firmado. A tendência é de que, na melhor das hipóteses, esse grupo pague mais caro pela gasolina e pelo óleo diesel. Na pior, eles podem ficar sem produto nas bombas.
Os “bandeira branca” têm uma fatia importante no mercado interno. Eles respondem por 36% da gasolina vendida e por 20%, do óleo diesel, segundo dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Entre as duas pontas – dos clientes que ostentam as marcas das distribuidoras e dos que adquirem os combustíveis de qualquer fornecedor – há ainda os consumidores de serviços essenciais, das áreas de saúde e segurança, principalmente.
Boa parte deles, no entanto, não possui contrato de longo prazo com seus fornecedores, o que significa que, num momento de crise, estariam mais expostos.
Como a intenção não é deixar os carros da polícia e ambulâncias parados nas garagens, as grandes distribuidoras iniciaram antecipadamente um trabalho de identificação desses clientes para colocá-los na lista de prioridade de fornecimento.
Até agora, as distribuidoras estão contando com volumes guardados em seus terminais, adquiridos quando os valores do petróleo e dos seus derivados não estavam tão altos quanto agora. O próximo passo será ir ao mercado atrás de novas cargas, mas já se sabe que as ofertas externas não são nada boas. “Não há janelas de oportunidade”, disse uma das fontes.
A leitura é de que algum importador vai se aventurar a comprar combustíveis neste momento para vender mais à frente, quando os preços podem ficar ainda mais elevados, dependendo dos desdobramentos dos cenários interno e externo.
O esperado, portanto, é que não haja desabastecimento, mas que os preços da gasolina e do diesel disparem. Se isso acontecer, a população do interior do País será a mais atingida, porque os postos de bandeira branca estão instalados, em sua maioria, nessas regiões.
“A acelerada alta do petróleo e derivados no mercado externo pode trazer consequências trágicas para as distribuidoras de menor porte, responsáveis, desde o início de suas operações, pela maior competitividade no mercado de combustíveis, principalmente junto aos postos de bandeira branca, sem vínculo com as grandes distribuidoras do mercado. Já se observam movimentos de suspensão e até de encerramento de atividades no mercado”, afirmou a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom), por meio de sua assessoria de imprensa.
A Vibra, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que tem tomado todas as providências para garantir o suprimento da sua rede de postos e clientes contratados.
“Nosso planejamento de suprimento é feito sempre avaliando nossos estoques, a oferta de produtos pelos nossos fornecedores no mercado nacional e internacional e a demanda dos nossos clientes. Estamos sempre avaliando todos os cenários, acompanhando e monitorando o setor constantemente, de modo a não haver risco de desabastecimento dos nossos clientes”, afirmou.
A Raízen não se posicionou.
O Sul
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