domingo, 6 de março de 2022

Deputado brasileiro que ofendeu ucranianas desiste de candidatura para governador de São Paulo

 


O deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) decidiu retirar sua pré-candidatura ao governo de São Paulo após a divulgação de áudios em que diz que mulheres ucranianas são “fáceis porque são pobres”. “Não tenho compromisso com o erro. Por isso, entrei em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para retirar minha pré-candidatura ao governo de São Paulo”, escreveu em nota publicada no Instagram.

Do Val disse ainda que tomou essa decisão na tentativa de preservar o que chamou de “construção de uma terceira via”. “O projeto não merece que minhas lamentáveis falas sejam utilizadas para atacá-lo”, completou.

A preocupação no Podemos é sobre como a polêmica envolvendo um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) pode recair sobre a pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro, a quem o grupo se aliou.

Mais cedo, o deputado publicou um vídeo em que diz que suas falas foram “escrotas” e “machistas”. “Eu estou sendo moleque. Essa não é a postura que as pessoas esperam de mim”, disse em vídeo intitulado “pedido de desculpas” publicado neste sábado, 5, no Youtube.

Conhecido como “Mamãe Falei”, Do Val afirmou que aceita ser julgado pelo que falou, mas que não aceita ser julgado pelo que não fez. “Tive a experiência mais transformadora que já vivi, vi exemplos de civilidade. Isso está sendo colocado como se eu tivesse ido arriscar minha vida para fazer turismo sexual”, concluiu.

Segundo ele, os áudios teriam sido enviados para um “grupo de amigos do futebol”, depois de sair da Ucrânia, quando estava na Eslováquia e a “tensão” tinha passado. “O que eu senti naquele momento, eu senti alegria. Comecei a mandar mensagem para todo mundo”, defendeu, alegando que mandou áudios “contando vantagem”.

Antes da publicação do vídeo, o deputado falou com jornalistas no aeroporto de Guarulhos imediatamente após chegar de viagem da Europa. Na ocasião, defendeu que foi à Ucrânia em uma missão humanitária e pediu desculpa às mulheres que se sentiram ofendidas. Também atribuiu a fala a um momento de empolgação e reconheceu ter cometido um erro ao enviar os áudios.

“Falei besteira, sou homem para assumir. Eu comparei é obvio com a situação que a gente tem aqui em São Paulo. Eu não sou santo, sou homem, sou jovem, eu fui para lá, eu vi um monte de mulheres bonitas sendo simpáticas. Eu falei, porque isso está acontecendo? Talvez porque aqui em São Paulo as mulheres sejam mais inacessíveis”, afirmou.

O MBL repudiou as declarações de Arthur do Val e, em nota, disse subscrever o pedido de desculpas do deputado, ao afirmar que os áudios “não são corretos com as mulheres brasileiras e ucranianas”. Defenderam, porém, que a atitude do integrante do movimento não invalida o objetivo da viagem, que teria o objetivo de arrecadar suprimentos aos refugiados ucranianos.

O movimento ainda atacou “lulistas” e “bolsonaristas” e afirmou que continua “trabalhando em prol da terceira via”.

Podemos

As declarações do deputado repercutiram mal na cúpula do Podemos. O presidenciável Sérgio Moro foi duro nas respostas e descreveu o tratamento do deputado com as ucranianas refugiadas e policiais como “inaceitável em qualquer contexto”.

“Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige”, afirmou o presidenciável através de nota.

O senador Alvaro Dias (Podemos) também repudiou as declarações de Do Val. “Nossa posição é de pedir à executiva nacional uma atitude urgente e rigorosa, de rompimento. Nós não podemos conviver com o inacreditável. Porque é inacreditável alguém que postula cargo de governador de São Paulo dizer bobagens dessa grandeza”, afirmou Dias.

A presidente do Podemos, Renata Abreu, classificou as declarações como “gravíssimas e inaceitáveis”. ” Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra”, disse Renata Abreu. Segundo ela, o partido instaurou de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos.

O Sul

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