A exclusão da Rússia, uma das maiores produtoras mundiais de petróleo e gás, do sistema internacional de pagamentos Swift, anunciada pela União Europeia e pelos Estados Unidos no início da noite de sábado (26), pode fazer o barril do petróleo disparar no mercado internacional. Com isso, o preço da gasolina, no Brasil, pode superar os R$ 10 por litro.
A estimativa é de Adriano Pires, um dos maiores especialistas em energia do Brasil. Em entrevista para a CNN Brasil, o sócio-fundador da CBIE (Centro Brasileira de Infraestrutura) afirmou que, em uma situação-limite, o preço do barril de petróleo pode chegar em US$ 150, o que pressionaria o preço dos combustíveis em todo o mundo.
O especialista lembrou que os preços do mercado brasileiros, atualmente, já apresentam uma defasagem de 9% a 10% em relação ao mercado internacional. Pires não acredita, contudo, que a Petrobras mexerá em sua tabela de preços, até que tenha clareza sobre qual será o novo piso do barril e o novo patamar da taxa de câmbio.
Um problema levantado pelo especialista é que a Petrobras tem cada vez menos controle sobre o mercado de refino, já que vendeu a maior parte de suas refinarias para empresas privadas que podem decidir acompanhar a cotação internacional num ritmo mais rápido que a estatal.
“Se, de fato, o petróleo chegar a US$ 150, não haverá outra saída, além da ajuda do governo, porque não há condições de as empresas repassarem esse aumento para os preços”, afirmou.
Preço dos alimentos
A inflação brasileira, que terminou 2021 acima dos 10%, começou este ano ainda bastante pressionada e com números ainda altos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro ficou em 0,54%, o maior número para o mês desde 2016, puxado principalmente pelos alimentos. As previsões para o ano, até agora, vinham variando entre 5,5% a algo pouco acima dos 6% (o teto da meta perseguida pelo Banco Central é de 5%). Mas essas previsões devem mudar, e para pior, por conta da Guerra na Ucrânia.
Um dos impactos mais imediatos é no preço do trigo, um dos grãos mais importantes usados na alimentação – está presente nos pães, nas massas, nas bebidas e também nas rações animais. O Brasil é um importador desse produto, já que produz menos do que consome. Em 2021, o País produziu 7,7 milhões de toneladas e importou um pouco mais de 6,2 milhões de toneladas, principalmente da Argentina.
E, embora a importação direta da Rússia ou da Ucrânia (respectivamente o primeiro e o quarto maiores exportadores mundiais) não seja relevante, o Brasil sentirá o efeito da alta nos preços que pode ocorrer por conta da guerra. Segundo a consultoria Agroconsult, os preços internacionais já subiram 20% desde o início do ano e tendem a subir ainda mais com o conflito.
O milho, grão fundamental para a alimentação animal, é outro que afetar a inflação. Segundo os especialistas, o produto já está com cotações muito elevadas no mercado internacional, e qualquer aumento adicional vai pressionar ainda mais os custos dos produtores de carne. A Ucrânia é responsável por cerca de 16% das exportações mundiais de milho. As informações são do site Money Times e do jornal O Estado de S. Paulo.
O Sul
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