segunda-feira, 14 de março de 2022

Bancos fecham quase quatro agências por dia; em cidades pequenas, nem Pix ajuda a compensar as perdas

 


O avanço da digitalização bancária, na esteira da pandemia e do Pix, sistema de pagamentos criado pelo Banco Central (BC), deu impulso ao movimento de fechamento de agências bancárias. Afinal, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), atualmente apenas 3% das 100 bilhões de operações bancárias são realizadas em agências.

O problema é que muitas cidades que não têm mais a presença física das instituições financeiras não conseguem recuperar todo o dinamismo econômico com os sistemas de pagamento, transferência e saques digitais. Muitas sofrem ainda com baixa conexão à internet, o que dificulta o acesso aos meios digitais.

No ano passado, 1.017 agências bancárias fecharam as portas no Brasil, ou quase quatro (3,85) por dia. Damolândia, no interior de Goiás, é uma das 438 cidades que ficaram sem agência bancária desde 2016, segundo dados do BC. Forte em produção de leite, a cidade fica a 90 quilômetros de Goiânia e ainda se ressente de ter sumido do mapa bancário do País.

Fintech

As fintechs (starups do setor financeiro) de maior porte obedecerão a exigências dos bancos tradicionais para prevenir riscos para o funcionamento do sistema financeiro, anunciou o Banco Central. As normas entrarão em vigor em janeiro de 2023 e serão implementadas gradualmente até janeiro de 2025. Startup é uma empresa inovadora.

Com as novas regras, a qualidade do capital mínimo para entrar em funcionamento das instituições de pagamento, que oferecem serviços como carteira digital, foi aumentada. Os requerimentos de capital são necessários para garantir a segurança financeira da instituição em situação de estresse no mercado, quando o volume de saques aumenta.

A nova regulamentação atinge principalmente instituições de pagamento com forte crescimento nos últimos anos, como Nubank, PagSeguro, PicPay e Stone. De acordo com o BC, a oferta de novos serviços financeiros por essas fintechs [empresas de inovação tecnológica no setor financeiro] tornou necessário o aprimoramento das regras. Isso porque as instituições de pagamento, aos poucos, passaram a criar subsidiárias que exercem atividades semelhantes às dos bancos.

O aperto nas obrigações será proporcional ao tamanho da instituição de pagamento. Empresas de maior porte terão de cumprir mais exigências. As instituições menos complexas terão regras mais simples.

Em relação ao capital mínimo, a exigência da qualidade foi ampliada. Ativos que pouco contribuem para a segurança financeira da instituição em situações de estresse, como créditos tributários (impostos a receber) ou bens intangíveis (que não podem ser vendidos no mercado), não poderão mais entrar no cálculo do capital mínimo.

Para facilitar a entrada de novas fintechs no mercado, o BC ressaltou que as empresas que atuam no ramo de pagamentos e não são vinculadas a instituições financeiras terão regras simplificadas. Segundo o órgão, isso preservará o ingresso de concorrentes que tragam serviços e produtos inovadores ao mercado financeiro.

As instituições de pagamento que entrarem no mercado poderão registrar os ativos intangíveis no capital regulamentar nos 12 primeiros meses de funcionamento, logo após receberem autorização do BC. Nos 12 meses seguintes, só metade desses ativos poderá ser registrada nos requerimentos de capital mínimo.

O Sul

Nenhum comentário:

Postar um comentário