domingo, 13 de fevereiro de 2022

Viagem de Bolsonaro à Rússia está mantida apesar de elevação de tensões com a Ucrânia

 


O presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou neste sábado (12) que vai viajar para Moscou nesta próxima segunda-feira (14), apesar das tensões crescentes entre Rússia e Ucrânia, e citou a dependência brasileira dos fertilizantes russos.

“Fui convidado pelo presidente Putin. O Brasil depende de fertilizantes da Rússia e da Bielorrúsia. Levaremos um grupo de ministros também para tratarmos de outros assuntos que interessam ao nosso País, energia, defesa e agricultura”, afirmou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais, após conceder entrevista ao ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PROS), na Rádio Tupi.

Bolsonaro deve embarcar para Moscou às 19h desta segunda-feira (14) e chegar ao destino apenas na noite de terça-feira. Na quarta-feira (16), se reúne com Putin e empresários locais em meio à preocupação do agronegócio brasileiro sobre a política protecionista russa em torno de fertilizantes essenciais para as lavouras.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no entanto, não deverá participar da comitiva. Ela testou positivo para a covid-19 na última terça-feira e ainda não se recuperou. Cristina, cotada para a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, é quem lidera as discussões com os russos sobre fertilizantes.

“A gente pede a Deus que reine a paz no mundo para o bem de todos nós”, limitou-se a dizer sobre o conflito envolvendo seu primeiro destino internacional em 2022 e a Ucrânia, apoiada pelos Estados Unidos e outros países do Ocidente.

A situação na Rússia vem sendo monitorada pelo Gabinete de Segurança Institucional e pelo Ministério da Defesa. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a equipe chefiada pelo ministro Augusto Heleno já se manifestou contra a viagem. A coordenação entre eles será crucial para uma decisão final, segundo auxiliares diretos do presidente. Somente o estopim do conflito poderia cancelar a viagem.

Segundo o assessor de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, uma invasão poderia ocorrer nesta semana que inicia ou até mesmo neste fim de semana. Sullivan disse ainda que não havia informações se Putin já tomou a decisão, mas a inteligência americana trabalha com um cenário de uma ocupação rápida da capital, Kiev.

Um ataque russo poderia começar a qualquer dia e provavelmente começaria com um ataque aéreo, enquanto um rápido avanço em Kiev também é possível, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca em entrevista coletiva. Após o anúncio, diversos países iniciaram uma mobilização para a retirada de funcionários diplomáticos e cidadãos na Ucrânia após o anúncio. A embaixada brasileira em Kiev recomendou que seus cidadãos mantenham-se em alerta, mas reiterou que não há recomendação de que os brasileiros devem deixar a Ucrânia.

“A Embaixada do Brasil em Kiev informa que continua a acompanhar a situação na Ucrânia, em permanente contato com o Itamaraty em Brasília e em próxima coordenação com as autoridades ucranianas e com a comunidade diplomática local, composta de representações de 80 países, além de diversas organizações internacionais”, disse em nota.

“A Embaixada reitera que os cidadãos brasileiros devem manter-se alertas e sempre atualizados por meio de fontes locais e internacionais confiáveis. Ao mesmo tempo, não há recomendação de segurança contrária à permanência na Ucrânia”, completa. Alertas e recomendações à comunidade brasileira na Ucrânia serão transmitidos via redes sociais e o site oficial da embaixada, caso seja necessário, informa.

Depois da Rússia, Bolsonaro segue para Budapeste, para agenda com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, líder nacionalista de extrema direita.

Viagem cancelada

O governo federal informou neste sábado (12) que decidiu cancelar a viagem do secretário especial de Cultura, Mario Frias, e de assessores da pasta a Rússia, Hungria e Polônia. O grupo integraria a comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que embarca em missão oficial para Rússia e Hungria.

O cancelamento foi definido um dia após o Ministério Público pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) que apure outra viagem de Mario Frias – esta, para Nova York, em dezembro de 2021. Frias e um assessor gastaram R$ 78 mil em verbas públicas para se reunir presencialmente com o empresário Bruno Garcia e com o lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie

A Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo, informou em nota que a participação dos membros da pasta foi cancelada “devido a orientação da presidência”. A visita de Bolsonaro ao presidente russo Vladimir Putin estava prevista desde 2021 – e foi mantida, sob críticas, mesmo com o escalonamento da tensão na fronteira da Rússia com a Ucrânia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e do portal de notícias G1.

O Sul

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