sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Setor de serviços no Brasil avança quase 11% em 2021 e supera perdas de 2020

 


O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1,4% em dezembro, na comparação com novembro, segundo dados divulgados nessa quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o setor fechou 2021 com avanço recorde de 10,9%, eliminando as perdas do ano anterior.

Essa foi a maior taxa para um fechamento de ano desde o início da séria histórica do IBGE, em 2012. Importante destacar, porém, que o salto ocorre após o tombo recorde de 7,8% no ano de 2020.

“O setor de serviços ampliou o distanciamento com relação ao nível pré-pandemia, situando-se 6,6% acima do nível de fevereiro de 2020, e alcançou seu maior o patamar desde agosto de 2015”, destacou o IBGE.

Apesar do desempenho positivo em 2021, o setor ainda está 5,6% abaixo do nível de atividade recorde alcançado em novembro de 2014.

“Nos primeiros meses de 2020, o setor de serviços foi duramente afetado em função da necessidade de isolamento social e do fechamento dos estabelecimentos que prestavam serviços de caráter presencial. Por outro lado, a pandemia trouxe oportunidades de negócios para serviços voltados às empresas, como os de tecnologia da informação, transporte de cargas, armazenagem, logística de transporte e serviços financeiros auxiliares, que tiveram ganhos mais expressivos e compensaram as perdas dos serviços de caráter presencial”, destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira e foi o mais atingido pela pandemia de covid. Mesmo assim, foi o principal destaque de recuperação em 2021, impulsionado pelo avanço da vacinação e pelo fim de boa parte das medidas restritivas para conter a disseminação do coronavírus. O setor de serviço foi também o que mais abriu vagas com carteira assinada no ano passado.

“A reação dos serviços só veio mesmo em 2021. Havia um ‘delay’ para serviços e por isso essa escala maior de crescimento no ano passado”, destacou Lobo, lembrando que o varejo e a indústria conseguiram iniciar mais cedo o movimento de recuperação.

Veja o resultado de 2021 em cada um dos segmentos:

— Serviços prestados às famílias: 18,2%

— Serviços de alojamento e alimentação: 20,1%

— Outros serviços prestados às famílias: 8,2%

— Serviços de informação e comunicação: 9,4%

— Serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC): 9,4%

— Telecomunicações: -0,2%

— Serviços de tecnologia da informação: 24,8%

— Serviços audiovisuais: 10,1%

— Serviços profissionais, administrativos e complementares: 7,3%

— Serviços técnico-profissionais: 12,1%

— Serviços administrativos e complementares: 5,4%

— Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 15,1%

— Transporte terrestre: 14,7%

— Transporte aquaviário: 14,6%

— Transporte aéreo: 37%

— Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 11,9%

— Outros serviços: 5%

Regiões

No acumulado do ano, a alta no volume de serviços no Brasil foi verificada nas 27 unidades da federação. O principal impacto positivo veio de São Paulo (11,5%), seguido por Minas Gerais (14,0%), Rio de Janeiro (7,3%), Rio Grande do Sul (12,1%) e Santa Catarina (14,7%).

4º trismestre

Em dezembro o setor de serviços registrou avanço de 1,4% em relação ao mês anterior, segundo mês de alta. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o volume apresentou ganho de 10,4%, 10ª taxa positiva.

Ambos os resultados ficaram acima das expectativas. Pesquisa da Reuters projetava ganhos de 0,9% na comparação mensal e de 9,1% na base anual.

No 4º trimestre de 2021, o setor teve avanço de 0,4%, na comparação com o trimestre anterior, marcando a sexta alta trimestral seguida.

Assim como o restante da economia, porém, o setor mostrou perda de fôlego na reta final do ano, com desaceleração do ritmo de recuperação. No 1º trimestre, a alta tinha sido de 3,2%, no 2º trimestre, de 2,2%, e no 3º trimestre, de 3%, no comparativo com o trimestre imediatamente anterior.

Recuperação desigual

No acumulado de janeiro a dezembro de 2021, houve alta nas 5 atividades pesquisadas e em 74,1% dos 166 tipos de serviços investigados.

As contribuições mais importantes para o avanço do setor no ano foram de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (15,1%) e informação e comunicação (9,4%), segmentos que foram favorecidos pela maior demanda por digitalização, avanço do comércio eletrônico e maior consumo de novos tipos de serviços como entrega de comida e transporte via aplicativo.

O gerente da pesquisa destacou que, entre 2012 para 2019, o setor de serviços acumulou uma variação positiva de 0,1% e, no biênio 2020-2021, uma alta de 2,2%. Ou seja, boa parte do crescimento acumulado dos últimos 10 anos (2,3%) é resultado direto do desempenho mais dinâmico destes segmentos de serviços que ganharam protagonismo após a pandemia.

Vale destacar que a recuperação do setor tem se mostrado incompleta e desigual. Nos serviços profissionais e administrativo, nos serviços prestados às famílias, no transporte aéreo e telecomunicações, o crescimento de 2021 não foi suficiente para retomar o nível pré-pandemia.

O nível de serviços prestados às famílias, que incluem atividades de caráter mais presencial, teve alta pelo 9º mês seguido, mas mesmo assim fechou o ano passado ainda 11,2% abaixo do patamar pré-pandemia e 21,8% abaixo do ponto mais alto de série.

O Sul

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