Líderes aliados se reuniram em uma teleconferência para analisar a situação
Os líderes dos países ocidentais, entre eles o presidente americano, Joe Biden, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, prometem sanções "rápidas e severas" se a Rússia invadir a Ucrânia, assegurou nesta sexta-feira (11) o governo alemão. A declaração ocorreu após uma teleconferência entre aliados.
"Todos os esforços diplomáticos procuram persuadir a Rússia a ir para a desescalada. O objetivo é evitar uma guerra na Europa", tuitou o porta-voz do chefe de governo alemão após a reunião. Mas "os aliados estão determinados a tomar conjuntamente sanções rápidas e severas contra a Rússia se houver novas violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia", acrescentou.
As sanções terão como alvo principal "os setores financeiro e energético, bem como as exportações de produtos de alta tecnologia", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, citada em comunicado deste órgão, considerado o Executivo da UE.
Nesta sexta, os líderes das principais potências ocidentais discutiram o risco de uma possível invasão russa da Ucrânia. Participaram os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, os chefes de governo alemão, Olaf Scholz, e britânico, Boris Johnson; bem como o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg; a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen; e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, considerou nesta sexta-feira que a Rússia pode invadir a Ucrânia "a qualquer momento", depois de ter concentrado mais de 100 mil soldados e armas pesadas na sua fronteira com o país vizinho, uma ex-república soviética. E o secretário-geral da Otan voltou a alertar que existe um "risco real de um novo conflito armado" na Europa.
"Continuamos a ver nenhum sinal de desescalada na situação atual e lamentamos muito", disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit. As discussões entre as partes aumentaram nos últimos dias, mas nenhum progresso foi feito para resolver a crise, que os ocidentais descrevem como a mais perigosa desde o fim da Guerra Fria, há três décadas.
Nesta sexta, o Kremlin lamentou que as discussões entre Alemanha, Rússia, Ucrânia e França, no dia anterior em Berlim, não tenham dado "nenhum resultado".
Tanto o Reino Unido, quanto os Estados Unidos exortaram seus cidadãos a deixarem rapidamente a Ucrânia. "Pedimos aos cidadãos britânicos na Ucrânia que saiam imediatamente por meios comerciais enquanto estiverem disponíveis", disse um porta-voz do governo britânico.
A Casa Branca pediu que os americanos deixem o país "nas próximas 24 a 48 horas".
O presidente Biden, no entanto, descartou o envio de soldados para a Ucrânia, mesmo para evacuar seus cidadãos no caso de uma invasão, porque isso poderia provocar uma "guerra mundial".
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse durante a videoconferência "temer pela segurança da Europa nas atuais circunstâncias". As discussões entre as partes aumentaram nos últimos dias, mas nenhum progresso foi feito para resolver a crise, que os ocidentais descrevem como a mais perigosa desde o fim da Guerra Fria, há três décadas.
A Rússia, que anexou a Crimeia em 2014, nega ter intenção bélica em relação à Ucrânia, mas condiciona a desescalada a que a antiga república soviética nunca seja incorporada à Aliança Atlântica. Uma condição que os ocidentais consideram inaceitável.
"Colaboração zero"
Paralelamente, Moscou anunciou novas manobras militares na fronteira ucraniana, além das que já vem realizando desde quinta-feira em Belarus, país vizinho da Ucrânia. Além disso, a Marinha russa está realizando exercícios no Mar Negro.
Líderes europeus se envolveram em um frenesi diplomático nas últimas semanas para tentar desarmar a crise, incluindo visitas a Moscou do presidente francês e em breve do chefe de governo alemão. Enquanto isso, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, estimou hoje que as relações de seu país com o Reino Unido estavam em seu nível mais baixo, depois de receber seu colega britânico Ben Wallace.
"Infelizmente, o nível de nossa colaboração é quase zero e em breve cairá abaixo do zero e se tornará negativo", disse Shoigu, pedindo aos ocidentais que parem de "encher" a Ucrânia com armas. As negociações realizadas no dia anterior em Berlim, nas quais Rússia, Ucrânia, Alemanha e França participaram, destacaram a lacuna que separa Moscou dos ocidentais e de seu aliado ucraniano.
As discussões duraram quase dez horas. Moscou insiste que o governo ucraniano negocie diretamente com os separatistas pró-russos no leste, contra os quais o exército ucraniano luta desde 2014 em um conflito que deixou mais de 13.000 mortos.
Mas a Ucrânia recusa, considerando que o único interlocutor legítimo é o governo russo, que apoia os separatistas. Ainda assim, Kiev disse nesta sexta-feira que "todos estão dispostos a obter um resultado" e que as negociações continuarão.
AFP e Correio do Povo
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