O governo federal informou neste sábado (12) que decidiu cancelar a viagem do secretário especial de Cultura, Mario Frias, e de assessores da pasta a Rússia, Hungria e Polônia, segundo informações do portal de notícias G1. O grupo integraria a comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que embarca em missão oficial para Rússia e Hungria nesta segunda-feira (14).
O cancelamento foi definido um dia após o Ministério Público pedir ao TCU (Tribunal de Contas da União) que apure outra viagem de Mario Frias – esta, para Nova York, em dezembro de 2021. Frias e um assessor gastaram R$ 78 mil em verbas públicas para se reunir presencialmente com o empresário Bruno Garcia e com o lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie.
A Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo, informou em nota que a participação dos membros da pasta foi cancelada “devido a orientação da presidência”. A visita de Bolsonaro ao presidente russo Vladimir Putin estava prevista desde 2021 – e foi mantida, sob críticas, mesmo com o escalonamento da tensão na fronteira da Rússia com a Ucrânia.
“Devido a orientação da presidência, que solicitou a redução da comitiva de todos os ministérios que iriam para as agendas na Rússia e Hungria, não havia mais sentido manter a viagem para agenda apenas na Polônia, sendo cancelada a viagem para remarcar em outra data”, informou a Secretaria de Cultura em nota.
O cancelamento foi revelado pelo blog do jornalista Lauro Jardim no site do jornal O Globo. Segundo o colunista, a viagem duraria dez dias, e Mario Frias viajaria acompanhado de quatro assessores – o secretário-adjunto, Hélio Ferraz; o chefe de gabinete, Raphael Azevedo; o secretário de Fomento, André Porciúncula, e o secretário de Audiovisual, Felipe Pedri.
A Secretaria de Cultura não divulgou quais compromissos a comitiva da pasta teria nos três países europeus. A programação da viagem oficial de Jair Bolsonaro divulgada até este sábado não incluía a Polônia, que estava prevista no itinerário da equipe de Mario Frias.
Na sexta-feira (11), o Ministério Público que atua junto ao TCU pediu que a corte apure os gastos de Mario Frias e de Hélio Ferraz na viagem de dezembro a Nova York.
O compromisso internacional foi classificado como “urgente” no sistema do governo, de acordo com as informações disponíveis no Portal da Transparência. Cada um dos passageiros custou R$ 39 mil entre passagens e hospedagem.
O subprocurador-geral do MP junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado, afirma que a apuração é necessária “ante os indícios de sobreposição de interesses particulares ao interesse público, com ofensa aos princípios constitucionais da legalidade, da impessoalidade da moralidade e da economicidade”.
O blog do jornalista Lauro Jardim também mostrou que Mario Frias recebeu reembolso, com dinheiro público, de R$ 1.849,97 referentes aos testes de covid-19 que fez para viajar a Nova York e participar das reuniões.
O pagamento também consta no Portal da Transparência. Na descrição da despesa, está escrito: “Ressarcimento requerido pelo servidor Mario Luis Frias em virtude da exigência de realização de teste molecular diagnóstico para Sars-Cov-2 (Covid-19)”.
Na noite deste sábado (12), Mario Frias fez uma live em seu perfil no Instagram ao lado do secretário de Fomento, André Porciúncula. Assistido por uma média de mil pessoas, Frias falou sobre a polêmica viagem que fez aos Estados Unidos.
“Estávamos desenvolvendo o projeto da IN (instrução normativa que oficializou um grande pacote de mudanças introduzidas recentemente na Lei Rouanet) e essa viagem foi com intuito de conversar com o mercado da Broadway, que se autossustenta, para ver onde esses caras acertam. Queríamos trazer ideias para cá. O objetivo era enxergar como aquele mercado consegue tanto sucesso, enquanto aqui a gente continua dependendo de milhões”, disse Frias. “Pagamos pelo PCR porque a fila para o teste gratuito estava muito grande. Fui de classe econômica e dividi o quarto com Hélio Ferraz (secretário adjunto), foi um romance incrível”, ironizou o secretário.
Frias terminou a live dizendo que a viagem a Nova York “está totalmente legal, viagem, alimentação, teste de covid”. “Não vou ficar em rede social dando satisfação sobre isso”, afirmou. As informações são do portal de notícias G1 e do jornal O Globo.
O Sul
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