quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Exposição em Imbé (RS) mostra que litoral vai muito além das praias

 Visitas podem ser feitas de terça-feira a sexta-feira, de manhã e de tarde, e sábado, apenas à tarde



Mostrar que o Litoral Norte gaúcho é muito mais do que a faixa de areia das praias é um dos objetivos da exposição de longa permanência do museu de ciências naturais do Ceclimar, o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). No espaço localizado em Imbé, reaberto ao público depois de dois anos sem receber visitas por conta da pandemia, é possível entender melhor a biodiversidade de toda uma região gaúcha que não se restringe à beira-mar.

O Litoral Norte, como se sabe, vai de Torres até o Balneário Pinhal, mas, entre essa distância de quase 600 quilômetros, há, por exemplo, a única região do Rio Grande do Sul onde há mata atlântica, localizada na cadeia de montanhas que começa em Osório e vai até Torres.

“No resto do Brasil, essa cadeia encosta na beira da praia. No nosso caso, tem essa planície costeira”, explica o biólogo do Ceclimar, Maurício Tavares, apontando para a maquete 3D feita pelo curso de Arquitetura da Ufrgs à mostra logo no início da exposição, mostrando a distância das formações montanhosas da beira da praia.

Quem passa pelo museu observa também animais texidermizados de cada espaço, como tucanos, corujas, graxains, tamanduás-mirins e porcos do mato, no caso da região das montanhas. Mais próximo do mar, mas ainda antes de chegar na praia, há o ecossistema da restinga, com vegetação mais seca e mais baixa devido ao vento. Já na região das lagoas, há jacarés, biguás e colhereiros, por exemplo. “Há uma série de organismos que as pessoas nem associam, mas isso tudo faz parte do litoral”, diz Tavares.

A exposição segue, claro, até mostrar o que há na beira da praia, desde animais invertebrados, como lulas e caravelas-portuguesas, e pássaros como coruja buraqueira, piru-piru, petrel-gigante-do-norte e trinta-réis-boreal, ave migratória vem da América do Norte e retorna para se reproduzir.

No fim da mostra, o público pode observar a ossada do conhecido boto do Imbé e também da toninha, golfinho de menor porte que só existe no Brasil, Uruguai e Argentina, e é o mais ameaçado de extinção no Atlântico Sul. O Rio Grande do Sul, de acordo com o biólogo, é o local onde o animal mais morre em virtude de capturas acidentais das redes de pesca em alto-mar. 

Há, ainda, o “carro-chefe” do museu, que é a ossada da baleia jubarte que encalhou em Capão Novo em 2010. Tavares, que comandou as tentativas de recolocar o mamífero no oceano, disse que os trabalhos mobilizaram uma grande equipe. Foram cinco dias para colocar a baleia, ainda em vida, de volta na água, mas ela acabou encalhando novamente e morrendo. Depois disso, foram três dias para montar o esqueleto exposto hoje no Ceclimar.

O Ceclimar/Ufrgs foi reaberto antes de outras atividades da Universidade porque tem como única fonte de arrecadação o valor cobrado pelas visitas. Elas podem ser feitas de terça-feira a sexta-feira, de manhã e de tarde, e sábado, apenas à tarde, com agendamento prévio, pelo site.

Correio do Povo

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