A pandemia da Covid-19 diminuiu a expectativa de vida dos brasileiros em aproximadamente 4,4 anos. É o que aponta um levantamento elaborado pela especialista em demografia do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano.
“Se a pandemia continuar, a expectativa de vida vai continuar caindo, infelizmente. Isso tudo aconteceu por causa da sobrecarga dos hospitais e aumento de mortes por Covid-19 durante os últimos dois anos. Para reverter o cenário, precisamos em primeiro lugar acabar com essa crise sanitária. Depois disso, é necessário investir em saúde no Brasil visando o longo prazo”, disse Camarano.
A pesquisadora afirma ainda que a crise sanitária também deve desacelerar o crescimento da mão de obra em pelo menos uma década no Brasil. Dessa forma, os números mostram que, nos próximos anos, o país terá um menor número de brasileiros integrando a População Economicamente Ativa (PEA) e, consequentemente, sofrerá com uma menor oferta de trabalhadores.
Com a pandemia, morreram mais pessoas e os casais adiaram o planejamento de ter filhos, o que acelerou a queda da taxa de natalidade. Segundo o levantamento, passados quase dois anos da crise sanitária no país, a expectativa de vida do brasileiro é de 72,2 anos, bem abaixo dos 76,6 registrados em 2019.
“Isso é muita coisa. Perder 4,4 anos em 22 meses significa uma perda de vida de 0,36 ao ano ou quatro meses em cada mês”, apontou. “Entre 1980 e 2019 ganhou-se quatro meses por ano de expectativa de vida. Entre 2019 e 2021, perdeu-se quatro meses por mês de expectativa de vida.”
Os cálculos da pesquisadora indicam que a população brasileira deve diminuir significativamente com o decorrer dos anos. Tendo como base os 204,6 milhões de cidadãos que o Brasil tinha em 2020, Camarano estima um pequeno crescimento até 2025, com uma expectativa populacional de 212,2 milhões de pessoas.
Já em 2030, Camarano aponta que o país deve ter 209,7 milhões de pessoas. Ao longo dos anos, segundo ela, a tendência é haver uma queda da taxa de natalidade e a população envelhecer cada vez mais.
“O efeito disso na população foi uma desaceleração acentuada do crescimento e antecipação da diminuição da população. Já estava previsto que a população diminuiria a partir de meados da década de 2030, mas com a pandemia isso deve acontecer até o fim desta década. Começa a haver diminuição da população total e também da população em idade ativa”, afirmou.
O Sul
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