Estudo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) apresentado nesta quinta-feira (24) indica um prejuízo superior a 14 milhões de toneladas de grãos em razão da falta de chuva e um tombo de 31 bilhões de reais nas lavouras.
Para piorar, o impacto nas outras cadeias produtivas e em impostos pode chegar a 115,7 bilhões de reais, segundo a entidade, o que representa uma queda recorde de 8% no PIB do Rio Grande do Sul. O setor produtivo e gestores públicos estimam um aporte de 5,7 bilhões de reais para socorrer os produtores, cerca de 0,1% do orçamento federal.
O estudo foi apresentado em encontro de formato híbrido, contou com a participação do governador Eduardo Leite, parlamentares federais e estaduais, prefeitos, presidentes de sindicatos rurais e representantes de entidades representativas do setor.
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, lamentou o atual cenário após uma safra anterior exitosa. “Ano passado alcançamos o posto de segundo estado produtor de alimentos, neste devemos cair para quarto”, avaliou. “Temos que negociar para reduzir as perdas e ainda teremos um Plano Safra reduzido. Além disso, os custos aumentaram 50% e agora a Rússia invade a Ucrânia podendo impactar nos preços dos fertilizantes”, completou.
Gedeão considera que a safra de inverno possa ser favorecida pelas previsões de uma manutenção do fenômeno climático La Niña até o final do ano. Além disso, o surgimento de um conflito no Leste Europeu pode impactar no preço do trigo. “Porém, temos que encontrar um caminho para que o agricultor se mantenha viável”, disse.
O economista-Chefe do Farsul, Antônio da Luz, apresentou um levantamento feito pela Federação sobre o impacto da estiagem na economia gaúcha. “Este choque vai reverberando em toda economia. Dos 67 anos setores que a formam, 63 são afetados diretamente. A perda equivale a 4,31 vezes a capacidade de armazenamento da Fecoagro. No total, serão R$ 115,7 bi a menos, uma queda de 8% do PIB sendo”, explicou.
“A CNA [Confederação Nacional da Agricultura] vem trabalhando na busca por soluções para os estados afetados pela seca ou pelo excesso de chuvas”, disse diretor Técnico da Confederação, Bruno Lucchi. A estimativa da CNA é que sejam necessários entre R$ 2,9 bi e R$ 3 bi para o Plano Safra. O desafio está em conseguir esses recursos, segundo a entidade. Conforme Lucchi, são duas ações pincipais trabalhadas pela CNA atualmente. A primeira é a sensibilização do relator-geral do Orçamento 2022, deputado Hugo Leal, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira para a recomposição do orçamento do crédito rural. A outra é uma Medida Provisória para crédito suplementar que não fure o teto de gastos.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Bastos Filho, comentou que o trabalho atual está em conseguir realocar valores de outros ministérios para garantir recursos que cubram as renegociações e viabilizam o crédito para a próxima safra.
O governador Eduardo Leite lamentou a situação e lembrou que o governo estadual “vem trabalhando dentro do que é possível, com mais de R$ 200 milhões destinados para ajudar a mitigar a situação, com ações para médio e longo prazos”.
O Sul
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