Em um cenário de preços exorbitantes nos postos de combustível, um novo reajuste é esperado a qualquer momento. O ano começou com o valor do petróleo batendo recordes, impulsionado pelo forte aumento na demanda e pelas tensões entre Rússia e Ucrânia.
Especialistas estimam que o efeito da alta será sentido em breve no Brasil. Desde 2016, a política de preços da Petrobras atrela o valor cobrado pelos combustíveis ao mercado internacional, o que em tempos de câmbio desvalorizado pesa ainda mais sobre o bolso do brasileiro.
Importadores vêem um aumento de 8% nos preços da gasolina. O último reajuste anunciado pela estatal ocorreu em 11 de janeiro, quando subiu 4,85%, enquanto o diesel aumentou 8,08%. Na ocasião, o barril do petróleo tipo Brent custava US$ 83.
Agora, após a nova alta, o mesmo barril custa cerca de US$ 90. A previsão do Goldman Sachs é ainda mais assustadora, já que banco vê o Brent a US$ 100 ainda em 2022.
Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Importados de Combustíveis, Sérgio Araújo, os valores repassados pela Petrobras estão bastante defasados. Desde a semana passada, o mercado espera aumento de 9% no diesel e 8% na gasolina.
A boa notícia é que o recuo do dólar pode ajudar um pouco. A moeda norte-americana caiu R$ 0,113 na semana passada, embora a queda não deva ser suficiente para compensar os preços altíssimos dos combustíveis.
Causas
Helder Queiroz, professor do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que foi diretor da ANP entre 2011 e 2015, diz que dois fatores principais ajudam a entender a alta do preço do petróleo. O primeiro é a expectativa de retomada do crescimento econômico, principalmente nos países mais desenvolvidos.
“Oferta e demanda estão meio apertadas. É claro que existe a disponibilidade para países aumentarem suas produções, mas em um primeiro momento isso pode ficar restrito”, diz. O segundo aspecto é geopolítico, relacionado a um possível conflito entre Rússia e Ucrânia. Os dois países são peças importantes no fornecimento de gás natural para a Europa: a Rússia, pela produção, e a Ucrânia pelo transporte.
“Em um momento de tensão como esse, acaba havendo um efeito de alta nos preços”, afirma Queiroz. De acordo com o professor, é difícil prever o que vai acontecer com a cotação do petróleo. Mas, se a tensão entre Rússia e Ucrânia diminuir, é possível que haja “uma acomodação” dos valores.
O Sul
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