O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou na terça-feira (4) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) terá de conviver com restrições alimentares pelo “resto da vida”. O chefe do Executivo estava internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para tratar um quadro de obstrução intestinal, consequência do atentado a faca que sofreu em 2018. Bolsonaro deixou nesta quarta-feira (5) a unidade de saúde, após ficar dois dias internado para tratar o problema de saúde.
Segundo o filho do presidente, a facada sofrida pelo presidente deixou consequências “físicas e psicológicas”. Entre elas, restrições alimentares permanentes. “Ele não pode se dar o luxo de fazer muitas coisas que gostaria”, disse o senador, acrescentando que o presidente gosta de comer “pastel, pizza e churrasco”.
A dieta tem impacto direto em casos como o de Bolsonaro, destacam especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. O quadro de obstrução intestinal – que o presidente já havia apresentado em julho – ocorre quando há aderência entre alças do intestino, impedindo a passagem adequada dos alimentos. A sucessão de cirurgias às quais o mandatário já se submeteu em função da facada favorece o surgimento de aderências.
“Ele tem essas aderências porque foi muito manipulado anteriormente com cirurgias intra-abdominais”, explicou o médico Marcelo Borba, coordenador do Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Sírio-Libanês. “Nesses casos, tem de fazer uma certa dieta, por exemplo, evitar alimentos que fermentam muito, como leite, ou que são muito fibrosos e de difícil digestão, por exemplo, vegetais e legumes.”
O médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha o quadro de saúde de Bolsonaro (PL) desde que ele sofreu a facada em 2018, durante a campanha eleitoral, afirmou que o chefe do Executivo pode voltar a ter obstruções intestinais no futuro.
Durante uma coletiva de imprensa no Hospital Vila Nova Star, após o presidente receber alta, Macedo disse que não foi necessário operar Bolsonaro porque o estômago respondeu bem ao uso da sonda nasogástrica. O profissional afirmou que a operação poderia acarretar novas complicações no quadro de saúde “Vamos conseguir nos próximos 20, 30 anos manter [Bolsonaro] desse jeito”, disse o médico.
Macedo afirmou que o presidente está “curado” e “pronto para o trabalho”, após ter ficado dois dias internado no hospital em São Paulo, com obstrução intestinal. Bolsonaro, por sua vez, disse que a vida continua e que “todo mundo vai embora um dia”.
O médico também disse que um “camarão não mastigado” causou a obstrução intestinal no chefe do Executivo.
“Eu não almoço, eu engulo. Tinha uma peixada, uns camarõezinhos também. Aí eu mastiguei o peixe e engoli o camarão. Foi isso que aconteceu”, disse Bolsonaro. Macedo, então, confirmou o motivo da obstrução intestinal e deu mais detalhes. “O camarão não foi mastigado, é o que ele está explicando. A gente pede para todos os clientes fazerem o que a gente faz: mastigar 15 vezes cada garfada”, afirmou. “Pode ser 22 vezes?”, brincou o presidente.
“O presidente sofreu um atentado há anos, como todos sabem, uma facada, que originou uma cirurgia muito bem feita pelos profissionais que atenderam ele em Juiz de Fora, na Santa Casa. Mas, depois disso, ele teve uma peritonite, no dia 12 de setembro [de 2018], ou seja, alguns dias depois do acidente”, explicou o médico. “Essa peritonite gerou uma grande reação imunológica no abdômen dele. Embora esteja tudo bem, as alças estão boas, essas aderências às vezes possibilitam o quadro de obstrução intestinal”, acrescentou Macedo.
De acordo com o próprio Bolsonaro, ele começou a passar mal no domingo (2), após o almoço em São Francisco do Sul (SC), onde estava de folga desde o dia 27 de dezembro. Devido ao desconforto abdominal, o presidente deixou o litoral catarinense de helicóptero em direção a Joinville na madrugada de segunda-feira. De lá embarcou para São Paulo com a comitiva presidencial. Na capital paulista, ficou internado no Vila Nova Star, na Zona Sul da cidade.
“Eu não consigo me controlar. Ele [médico Macedo] recomendou não comer pastel nem tomar caldo de cana”, exemplificou Bolsonaro durante a coletiva. “Vou tentar seguir as recomendações dele”, acrescentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O Sul
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